25 abr, 2018
O relatório 'Ataques ao Vivo: O Estado da Liberdade de Imprensa no Mundo 2017-2018', da organização não-governamental Freedom House, destaca “a ameaça às democracias” que representam os políticos populistas, mas também “o poder do jornalismo”, que continua a ter “um papel vital mesmo nos ambientes mais hostis”.
“Há apenas cinco anos, a pressão global sobre os 'media' não parecia afetar os Estados Unidos ou as democracias instituídas da Europa de nenhuma maneira significativa", lê-se no documento, onde se escreve que “hoje, líderes populistas representam uma importante ameaça à liberdade de expressão nestas sociedades abertas” e que “uma imprensa que denuncia as falhas dos governos é fundamental ao funcionamento de todas as democracias”.
O relatório dá mesmo exemplos: a Polónia, onde o regulador multou o canal TVN24 em 350.000 euros por causa de reportagens sobre protestos antigovernamentais; fala do caso de França, onde um jornalista que questionou a líder da extrema-direita Marine Le Pen sobre desvios de fundos do Parlamento Europeu foi agarrado e agredido por um segurança; e fala do exemplo dos Estados Unidos, onde o Presidente Donald Trump critica e ameaça regularmente jornalistas ou grupos de comunicação por notícias que não lhe agradam. No entanto, o exemplo apontado como mais grave é o da Hungria, onde os aliados de Viktor Orban “adquiriram a maioria dos últimos bastiões de jornalismo independente”. O documento afirma, ainda, que tudo se agravou pela acção de “forças externas”, e o exemplo dado é o do Governo russo.
Jornalismo ainda desafia interesses poderosos
Numa segunda parte, o relatório apresenta casos em que o jornalismo desafiou interesses poderosos para informar a opinião pública, entre os quais a denúncia de ligações à máfia de importantes figuras do Governo na Eslováquia ou da repressão dos homossexuais promovida pelo Estado russo. O documento identifica ainda países aos quais o mundo deve estar atento em termos de liberdade de expressão: entre casos como os de Cuba, Irão, México, Tunísia, Uzbequistão ou Zâmbia, surge o de um país da União Europeia, a Polónia.
A Freedom House, fundada em 1941 em Nova Iorque e com sede em Washington, é uma ONG internacional que promove a liberdade e a democracia no mundo. O documento hoje divulgado baseia-se nos mais recentes relatórios da organização sobre Liberdade no Mundo e Liberdade na Internet e nos projetos que desenvolve em vários países.