04 mar, 2022 • Vasco Gandra
Reuniões dos chefes da diplomacia dos países da NATO e, depois, dos Estados-membros da UE em Bruxelas serviram para analisar a situação no terreno, trocar informações com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano - que participou em ambos encontros por vídeoconferência - e articular posições.
A NATO condenou a invasão da Ucrânia e reafirmou a solidariedade aos ucranianos e às suas forças armadas.
A Aliança diz que este não é um conflito nem uma guerra da NATO mas que tem o compromisso de defender os seus membros em caso de necessidade. Daí a organização atlântica estar a reforçar a defesa no seu flanco leste.
O secretário geral Jens Stoltenberg manifestou o receio de que "os dias por vir sejam provavelmente piores com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, à medida que as forças armadas russas trazem armamento mais pesado e continuam os seus ataques por todo o país". Afirmou também a preocupação com o ataque russo que provocou um incêndio na maior central nuclear da Europa, em Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia.
"Apelamos ao presidente Putin para parar esta guerra imediatamente. Retirar todas as suas forças da Ucrânia sem condições. E comprometer-se com A genuína diplomacia, agora", afirmou Stoltenberg.
Apesar do apelo do presidente ucraniano, os aliados não vão avançar para a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, o que lançaria a Aliança para um cenário de guerra.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou que a Rússia além de ter violado "todos os princípios do direito internacional" ao invadir a Ucrânia também desrespeita "as regras da guerra". A Aliança condena a forma "como as autoridades russas estão a conduzir ataques indiscriminados contra civis, contra instalações civis e também instalações que, pela sua natureza, se atacadas e atingidas podem provocar insegurança a nível absolutamente alarmante", afirmou o ministro.
Santos Silva também manifestou preocupação com os efeitos da guerra na Ucrânia sobre a integridade de outros países como a Moldova. "No que diz respeito a efeitos sobre outros países, olhando para o mapa das operações russa, é fácil de ver que, neste momento, é preciso olhar com cuidado também para eventuais consequências no que diz respeito à integridade da Moldova".
"Caixa de pandora"
A reunião dos chefes da diplomacia da UE, o quinto encontro em pouco mais de uma semana, realizou-se em formato alargado a outros parceiros aliados, como os Estados Unidos em mais uma demonstração da importância da união transatlântica.
O secretário de Estado norte americano alertou para a necessidade de a comunidade internacional defender os princípios comuns de convivência. "Se permitirmos que esses princípios sejam violados com impunidade então vai abrir-se uma caixa de pandora de perigo em todos os cantos do mundo para que isto aconteça outra vez", afirmou Antony Blinken, à entrada para um encontro bilateral com a presidente da Comissão Europeia.
Por seu turno, Ursula von der Leyen admitiu a possibilidade de novas sanções da UE à Rússia se o presidente Putin não parar a guerra. "Sabemos que este conflito está longe de ter terminado e, para ser muito clara, estamos prontos a tomar outras medidas severas se Putin não parar e reverter a guerra que desencadeou".
Os europeus admitem avançar com mais sanções à Rússia - que estão a ser estudadas -, mas sublinham igualmente a importância de perceber primeiro o real impacto da implementação das medidas restritivas que já foram aprovadas.