13 mai, 2022 • Vasco Gandra, correspondente em Bruxelas
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A Comissão Europeia apresentou, esta semana, um plano de ação para criar "corredores solidários" que permitam à Ucrânia exportar os seus cereais, mas também importar mercadorias, desde ajuda humanitária a alimentos para animais e fertilizantes.
"Vinte milhões de toneladas de cereais têm de sair da Ucrânia em menos de três meses, utilizando as infraestruturas de transportes da UE. Trata-se de um desafio gigantesco, pelo que é essencial coordenar e otimizar as cadeias logísticas, criar novas rotas e evitar, tanto quanto possível, estrangulamentos", afirma Adina Vălean, comissária europeia responsável pelos Transportes, em comunicado.
Em tempos normais, 75% da produção de cereais da Ucrânia é exportada, Antes da guerra, 90% das exportações de cereais e oleaginosas transitavam pelos portos ucranianos do mar Negro, agora ameaçados.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro, e com o bloqueio dos portos ucranianos pela Rússia, os cereais e outros produtos agrícolas ucranianos deixaram de poder ser exportados, essencialmente para a Europa, China e África. A situação representa uma ameaça para a segurança alimentar global, sobretudo para países muito dependentes dos produtos ucranianos.
À Renascença, Pedro Mato, do Programa Alimentar Mu(...)
Apesar de os Estados-membros estarem a facilitar a passagem nas fronteiras entre a Ucrânia e a UE, a Comissão explica que há ainda milhares de vagões e camiões que aguardam o desalfandegamento do lado ucraniano. O tempo de espera médio para os vagões é atualmente de 16 dias, podendo mesmo atingir 30 dias em algumas fronteiras, diz o executivo comunitário.
Por isso, Bruxelas propõe medidas urgentes para ajudar a resolver o impasse. "Entre os desafios que se colocam neste contexto figuram as diferentes larguras das bitolas ferroviárias: os vagões ucranianos não são compatíveis com a maior parte da rede ferroviária da UE, pelo que a maioria das mercadorias tem de ser transbordada para camiões ou vagões que cumpram a bitola normalizada da UE", explica a Comissão.
Para eliminar os obstáculos, o executivo comunitário insta os agentes do mercado da UE a disponibilizarem, com urgência, veículos suplementares. Para facilitar este processo, a Comissão vai criar um "balcão único" que deverá incluir pontos de contactos nacionais.
Por outro lado, deverá ser dada prioridade às exportações de produtos agrícolas ucranianos, e os gestores das infraestruturas devem disponibilizar faixas horárias ferroviárias para essas exportações.
Bruxelas exorta ainda os Estados-membros a serem flexíveis e a preverem um número adequado de efetivos para acelerar os procedimentos nos pontos de passagem de fronteira. A Comissão vai igualmente articular com os 27 o reforço da capacidade de armazenagem de produtos agrícolas ucranianos na UE.