12 out, 2023 • Pedro Mesquita
O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrel, iniciou uma visita de três dias à China, e terá a oportunidade de falar com as autoridades de Pequim sobre o momento explosivo que se vive no Médio Oriente e também sobre a guerra na Ucrânia, Taiwan, direitos humanos e ambiente. Particularmente sensível é a nova estratégia europeia para reduzir a sua dependência externa, em sectores estratégicos.
Após duas tentativas anuladas - primeiro por ter testado positivo à Covid-19, depois pelo misterioso desaparecimento do seu homólogo chinês Qin Gang - Josep Borrel aterrou finalmente na China.
O chefe da política externa da União Europeia leva consigo uma mala carregada com temas sensíveis e um objetivo essencial: Assegurar a realização de uma Cimeira União Europeia-China, se possível ainda em 2023.
Para conseguir juntar à mesma mesa o presidente chinês, Xi Jinping, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, terá primeiro que esclarecer Pequim sobre a bondade da nova estratégia europeia para diminuir as suas dependências em sectores estratégicos.
É que as autoridades chinesas receiam tratar-se de uma forma de protecionismo encapotada, em particular face à projeção tecnológica do gigante asiático.
A agenda de Borrel, em Pequim, inclui um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e parece não haver temas tabu. Existe abertura para falar de tudo, incluindo a posição chinesa face à guerra na Ucrânia, a situação de Taiwan, o combate às alterações climáticas ou mesmo a defesa dos direitos humanos.
A juntar a todos os tópicos está, claro, a preocupação internacional do momento: O ataque terrorista do Hamas a Israel, que Josep Borrel condenou prontamente.
O chefe da política externa da União Europeia criticou igualmente algumas das retaliações anunciadas pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o corte no fornecimento de água e de alimentos à Faixa de Gaza, sublinhando que contrariam o direito internacional.
Neste plano, Pequim tem adotado uma posição de neutralidade, apelando às partes para que ponham fim imediato às hostilidades, e sejam contidas.