23 jan, 2023 • Miguel Coelho
Esta segunda-feira ficou a saber-se que as escolas e colégios privados já estão com as pré-inscrições praticamente esgotadas para o próximo ano letivo.
No Explicador Renascença, recordamos que o diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, Rodrigo Queiroz, disse que há mesmo colégios "com mais pré-inscrições do que é habitual”.
A notícia surge num contexto de greves de professores que deixaram muitos alunos do ensino público sem aulas e escolas com funcionamento incerto.
Nem todos os trabalhadores, docentes e não docentes, estão satisfeitos, mas o que acontece num colégio é que há "um grande alinhamento entre o empregador e o colaborador", segundo o diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo.
Portanto, o que acontece é que quando a direção de um colégio contrata um professor ou um funcionário, é porque está mesmo interessada naquela pessoa
No particular consegue-se, assim, fazer uma melhor gestão de recursos humanos, com liberdade para dar melhores condições, seja pagando mais, seja atribuindo a liderança de algum projeto.
No ensino publico já não é bem assim.
Nas escolas públicas os professores são colocados na sequência de um concurso nacional mediante uma lista graduada.
Por isso, um professor pode ir parar a uma escola que não quer, num sítio que não gosta, com um ambiente com o qual não se identifica.
O que acontece muitas vezes é que a escola acaba por ser um ponto de passagem, porque em futuros concursos esse docente já pode ficar noutro sítio, com outros alunos.
A instabilidade no ensino público pode ser uma das(...)
Sim. Há o que a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo descreve com uma “estabilidade nas relações com as pessoas”.
Ano após ano, os profesores vão ficando e o relacionamento laboral, muitas vezes, dá lugar a relações de amizade.
Agora, para que isto seja possível, são necessários instrumentos de gestão e autonomia para contratar.
Sim. É como qualquer empresa privada.
A direção de um colégio tem liberdade para negociar, seja para reter um profissional, seja para o dispensar.
Assim como também tem margem para mexer nos salários.
Há essa perceção e as tabelas remuneratórias são, de facto, mais atrativas no sector público.
Mas nesta fase, como há falta de professores, eles acabam por ter poder negocial e há colégios que estão “a pagar claramente acima da tabela", refere Rodrigo Queiroz.
O diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo dá como exemplo uma estratégia que tem estado a ser seguida: Contratar o professor de um escalão acima daquele em que se encontra, ou seja, é promovido ainda antes de iniciar funções.
Portanto, os melhores professores - ou os que lecionam disciplinas em que há mais falta de docentes - recebem melhor.
Greve dos professores
Antes da reunião com o ministro da Educação, André(...)
Esse é um risco que tem sido apontado por muitos estudiosos da área.
Aliás, foi admitido durante a pandemia e, agora, nesta altura de protestos e greves do pessoal docente e não docente, as escolas estão a viver um período complicado.
A greve por distritos da Fenprof decorre em Castelo Branco, esta segunda-feira. Esta terça-feira vai ser em Coimbra. Para o proximo sábado há manifestação nacional, em Lisboa, convocada pelo STOP.
E, para já, não há perspetiva de quando regressa a normalidade
Sim. As famílias estão com receio e milhares de alunos estão sem aulas nas escolas pública.
Ao contrário do que habitualmente acontece, há muitos colégios já com as inscrições esgotadas para o próximo ano letivo.
O diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo fala num claro investimento que as famílias optam por fazer, sendo que muitas vezes contam até com o apoio dos avós para pagar as mensalidades.