24 jan, 2023
Em 2022, Portugal registou o maior aumento do preço das habitações nos últimos 30 anos. Em comparação com 2021, o mercado imobiliário assistiu a uma subida a rondar os 18,7%.
É preciso recuar até 1991 para encontrar valores semelhantes. Na altura, a variação homóloga nos preços das casas fixava-se nos 18,8%.
São vários os motivos que justificam a subida contínua do custo das habitações, mas há pelo menos um fator que terá um peso muito significativo: a pouca oferta. É pelo menos o que dizem os agentes do setor imobiliário. Há poucas casas no mercado, mas como a procura permanece elevada, o preço aumenta.
Ao mesmo tempo, verifica-se uma subida nos custos de construção, o que se reflete no preço final das casas, demoras nos prazos de licenciamento e uma fiscalidade elevada, outros fatores apontados para o elevado preço das casa em Portugal.
Apesar de os preços mais elevados se concentrarem nos principais centros urbanos, sobretudo em Lisboa e no Porto, o setor da habitação está a registar maiores aumentos nas periferias das grandes cidades. Porquê? Porque é onde os compradores procuram habitação, justamente pelo preço no centro das cidades ser muito elevado e pouco acessível.
Uma pergunta para a qual existem várias respostas. Por um lado, há quem defenda a redução da fiscalidade na construção para permitir um maior volume de construção, ou seja, garantir mais oferta para satisfazer a procura que permanece elevada.
Por outro lado, há quem defenda uma intervenção séria do Estado no mercado da habitação. Há quem proponha, como é o caso do Bloco De Esquerda, a proibição de venda de casas a cidadãos e empresas com residência no estrangeiro. Uma medida que já foi aplicada noutros países.
Dados que nos remetem para o período anterior à pandemia indicavam que 85% das pessoas que procuravam casa para comprar em Portugal eram portugueses e 15% eram estrangeiros, sobretudo franceses. Havia também mais mulheres do que homens a "investir" no imobiliário residencial: 55% para 45%, respetivamente. Números que poderão ter sofrido alguma alteração, mas eventualmente pouco significativa
Sob a asa do Plano de Recuperação e Resiliência, espera-se a concretização do programa "1.º Direito", através do qual o Governo pretende disponibilizar casas para mais de 58 mil famílias identificadas como estando em situação habitacional indigna.
Está igualmente prevista a criação da Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário, que deverá disponibilizar dois mil alojamentos, assim como se mantêm o Programa de Arrendamento Acessível e o Porta 65, entre outros apoios.