27 jan, 2023 • Miguel Coelho
A inflação tem sido um peso na economia, durante os últimos meses, afetando o dia a dia de empresas e trabalhadores.
Um estudo divulgado esta sexta-feira mostra que uma em cada três pessoas foi obrigada a mudar os seus hábitos e cerca de metade não tem poupanças para lidar com a crise se ela se prolongar.
No Explicador Renascença desta tarde, tentamos perceber como é que a inflação e a crise económica têm alterado o estilo de vida dos portugueses.
As conclusões são do mais recente inquérito do Grupo Euroconsumers - uma organização europeia de defesa do consumidor que congrega organizações de vários países, incluindo a portuguesa DECO.
O inquérito mostra os efeitos da inflação e a consequente subida dos preços com grande impacto na situação económica das famílias.
60 % dos inquiridos admitem que a sua situação piorou ao longo do último ano.
E se, em janeiro do ano passado, 26% chegavam ao fim do mês sem dinheiro, em dezembro essa percentagem para 30%.
Sim, cerca de um terço dos inquiridos fez ajustes em praticamente todos os gastos, seja na alimentação, no consumo de energia, nas atividades culturais e de lazer, nas férias e viagens, e até na Saúde.
Só 1% dos inquiridos diz que não teve de alterar os seus comportamentos.
No topo da lista aparece o consumo de energia - o que até tem um lado positivo, porque a esmagadora maioria dos inquiridos mudou para lâmpadas mais eficientes, passou a ter mais cuidado com as luzes ligadas e a tomar duches mais rápidos. No entanto, também tem um lado preocupante, porque mais de metade tem o aquecimento ligado menos tempo, o que, com o tempo frio não é aconselhável.
Nove em cada dez cortaram nas atividades sociais - almoçam e jantam fora menos vezes - e mesmo em casa fazem poupanças na alimentação.
O que se percebe, se pensarmos que o cabaz alimentar aumentou 20% no espaço de um ano.
É qualquer coisa como 35 euros no cabaz de bens essenciais, como o leite, a carne e o peixe.
Depois, a maior parte das pessoas compra menos roupa e acessórios e vai menos a espetáculos culturais: corta nas idas ao cinema, ao teatro e a concertos.
Sim, quase metade dos inquiridos diz que não tem mesmo quaisquer poupanças para lidar com a crise se ela se acentuar ou prolongar.
27% já tiveram de recorrer às poupanças e, entre os que se encontram numa situação mais frágil, um terço já pediu até dinheiro emprestado a familiares e amigos para fazer face a despesas correntes.
Sim, sobretudo os empréstimos ao consumo.
De acordo com dados divulgados pelo Banco de Portugal, esta sexta-feira, o montante de empréstimos para consumo acelerou ao longo do ano. Depois de ter aumentado 2,4% em 2021, cresceu 6% no ano passado.
Em contrapartida, os empréstimos à habitação cresceram no 3,6% em relação a 2021.