13 fev, 2023 • André Rodrigues
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Esta segunda-feira, vai ser apresentado o relatório final sobre os abusos sexuais na Igreja. A conferência de imprensa está marcada para as 9h30 na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Chega, assim, ao fim a investigação da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja, criada em novembro de 2021, a pedido da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Na altura, D. José Ornelas, presidente da CEP, deixava a garantia de que tudo iria ser feito para apurar a verdade, assegurando a total independência desta comissão.
Ao longo do último ano, foram analisadas denúncias de abusos cometidos desde 1950. O relatório vai ser apresentado esta segunda-feira preserva a identidade de todos os envolvidos.
O documento começou a ganhar forma em janeiro do ano passado, quando a comissão liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht recebeu os primeiros testemunhos. Em menos de uma semana, foram validadas 102 denúncias da prática de abusos sexuais por elementos ligados à Igreja Católica em Portugal.
O número final só será conhecido na conferência de imprensa, esta segunda-feira de manhã.
No entanto, no último balanço público feito, em outubro do ano passado, a Comissão Independente dava conta de 424 testemunhos validados, compreendendo casos ocorridos desde 1950. As vítimas têm entre os 15 e os 88 anos.
É importante sublinhar que, com esta investigação independente, Portugal tornou-se o mais recente país do universo católico a anunciar a criação de uma comissão deste género. Nos Estados Unidos, Austrália, Irlanda, Alemanha e França também foram feitos estudos independentes, que permitiram perceber a real dimensão dos abusos sexuais na Igreja.
Não se sabe ao certo, mas há especialistas que defendem a eventual substituição da Comissão Independente por um observatório permanente, que ajude a prevenir e a sancionar os casos de abuso sexual.
O que se sabe, de momento, é que as 21 comissões diocesanas vão continuar em funções. Criadas em 2019, pelo Papa Francisco, destinam-se a receber e encaminhar denúncias de abusos.
Isso é o que se irá saber quando o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa reagir ao documento elaborado pela Comissão Independente. Em conferência de imprensa marcada para esta segunda-feira à tarde, será conhecida a primeira posição da Igreja Católica sobre as conclusões finais da investigação.
Contudo, será a 3 de março que os bispos portugueses se vão reunir em assembleia plenária para analisar o relatório independente.
Essa deverá ser uma das perguntas a fazer ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Certo é que nos Estados Unidos, França e Alemanha houve lugar ao pagamento de indemnizações às vítimas de abusos sexuais de menores.