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O fim de um ciclo no Bloco de Esquerda. E agora?

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Catarina Martins deixa liderança do Bloco de Esquerda. E agora?

14 fev, 2023 • Miguel Coelho


Catarina Martins anunciou esta terça-feira que não se recandidata ao cargo de coordenadora do BE na próxima Convenção Nacional do partido em maio.

Catarina Martins anunciou esta terça-feira que não se recandidata ao cargo de coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) na próxima Convenção Nacional do partido. A líder do bloco assegura que não abandona o partido. No Explicador desta tarde falamos do fim de um ciclo no BE.

Catarina Martins anunciou que vai sair da liderança do BE. Porquê e o que alega?

Alega que sai para "promover renovação" no partido e, com isso, segundo disse, "multiplicar a energia do Bloco de Esquerda". Não explicou muito mais. Agora é fácil perceber que o partido já teve melhores dias. Depois de ter tido 19 deputados na Assembleia da Républica, já só elegeu cinco nas últimas eleições legislativas. O bloco chegou a obter mais de 10% dos votos em 2015, e nas últimas eleições não chegou aos 4,5%. A própria Catarina Martins admitiu, nas declarações desta terça-feira, que foi uma pesada derrota eleitoral, há um ano. Portanto, terá percebido que era a hora de sair.

É uma saída imediata? Quem fica à frente do bloco?

Não. O que Catarina Martins anunciou é que não se recandidata ao cargo de coordenadora do partido. No bloco não há presidente, mas sim coordenador. Para finais de maio (27 e 28 de maio) está marcada a Convenção Nacional do BE, em Lisboa, mantendo-se no cargo que ocupa há 10 anos, mas não será candidata.

Dez anos como líder partidária, nos dias que correm, é uma eternidade. É natural o desgaste?

Sim, e até já tem havido críticas internas à falta de renovação do partido. Há uma oposição interna designada "Convergência" e que já no passado criticou as opções da direção de Catarina Martins, pela excessiva colagem ao Governo entre 2015 e 2019 - os anos da geringonça -, mas as críticas aumentaram desde a hecatombe eleitoral do ano passado, com acusações de falta de democracia interna, de esvaziamento dos princípios do bloco como partido. É provável que esta plataforma “Convergência” apresente um candidato na Convenção de maio de 2023.

Mas é possível que a atual direção também lance um candidato à sucessão de Catarina Martins?

Isso é mais do que certo, se bem que alguns dos nomes possíveis já declinaram essa possibilidade, como o líder parlamentar do bloco Pedro Filipe Soares e da eurodeputada Marisa Matias. Mas há Mariana Mortágua que, tudo indica, será quem vai avançar. É das dirigentes do Bloco de Esquerda mais próximas da atual coordenadora do partido e é vista pelo núcleo duro da direção como a hipótese mais "natural", a solução "natural". De recordar que Mariana Mortágua é atualmente vice-presidente da bancada do bloco no Parlamento e tem estado, sobretudo, ligada aos temas relacionados com as finanças, tendo sobressaído, em especial, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do Novo Banco.

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