Siga-nos no Whatsapp
Explicador Renascença
As respostas às questões que importam sobre os temas que nos importam.
A+ / A-
Arquivo
Explicador Renascença da Tarde
Ouça o Explicador desta tarde

Explicador Renascença

Pico da inflação foi ultrapassado. Mas porque é que os preços continuam a subir?

16 fev, 2023 • Pedro Mesquita


Mesmo com a taxa de inflação a registar um abrandamento, os preços no supermercado não têm refletido isso. Afinal, porque é que os preços continuam a aumentar?

Os preços dos bens essenciais continuam a subir nos supermercados.

Tem sido uma constante desde o início da guerra na Ucrânia e da instabilidade na economia europeia e nos meios de produção de bens essenciais e de energia.

Mesmo com a taxa de inflação a registar um abrandamento, os preços no supermercado não têm refletido isso. Afinal, porque é que os preços continuam a aumentar?

O abrandamento da inflação não afeta os alimentos?

A expressão "abrandamento" não pode ser confundida com descida. Significa que os preços continuam a aumentar mas a subida média é, agora, menos íngreme - sobem, mas sobem menos.

E, depois, é preciso ver que a variação da taxa de inflação não pode ser medida, unicamente, pelo preço de um cabaz alimentar. Além da comida, pagamos água, eletricidade, combustíveis, etc.

Ou seja, alguns preços estarão a subir menos - e eventualmente alguns até podem cair - mas há outros que continuam a subir a bom ritmo.

A variação da inflação - a cada momento - resulta de uma média. O que está a acontecer na prática é que ainda não se nota um abrandamento na subida dos preços dos bens alimentares. Em alguns casos, pelo contrário, continuam a subir a um ritmo vertiginoso.

O pico da inflação já terá sido ultrapassado?

Já e são os economistas que o dizem.

Bruxelas acredita que esse pico terá sido alcançado no quarto trimestre de 2022. Ou seja, os preços continuam a subir - uns mais do que outros - mas já sobem menos.

De acordo com o INE, em outubro de 2022, a taxa de inflação situava-se nos 10,6%. Em Janeiro de 2023 - segundo a União Europeia - a taxa de inflação homóloga de Portugal abrandou para 8,4% e as previsões de Bruxelas apontam para uma inflação de 5,4% no final deste ano. Ou seja, a media dos preços vai continuar a subir mas, tudo indica, irão subir menos.

A Deco foi às compras há um ano, precisamente no dia em que começou a guerra na Ucrânia e foi verificando - mês após mês - a variação de preços, até agora. E sempre com base num mesmo cabaz alimentar, de 63 produtos essenciais. Quanto é que custou esse cabaz em fevereiro de 2022, e quanto é que custa agora?

Custava 183 euros e agora custa 228 euros.

Estamos a falar exatamente dos mesmos produtos, e nas mesmas quantidades. Na prática, à passagem da caixa registadora, a Deco-Proteste paga agora mais 45 euros do que há um ano, pelo mesmo cabaz.

É uma variação que ultrapassa os 24%.

Nesse carrinho de compras quais são os alimentos que mais subiram, no último ano?

A polpa de tomate, por exemplo, subiu 83%. E o arroz carolino subiu 73%.

Estes produtos - a par da pescada ou do carapau, que subiram mais de 63% - fazem parte do "top ten" das subidas.

Os lacticínios registaram uma subida próxima dos 30%. Antes da guerra, um litro de leite meio-gordo custava 68 cêntimos, custa agora 97 cêntimos.

E, atenção: O aumento de preços tornou-se verdadeiramente vertiginoso sobretudo a partir de meados de outubro.

Mas já se nota agora alguma desaceleração da subida dos preços dos bens alimentares?

De acordo com a Deco, ainda não.

A Associação de Defesa do Consumidor sublinha que mais de metade dos 8,4% da inflação registada em janeiro fica a dever-se precisamente ao aumento de preços na categoria "Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas"

Mas como é que se explica que os bens alimentares continuem a puxar tanto os preços para cima?

A Deco lembra que desde que determinado bem é produzido, até que chega à caixa registadora, passa por diversos intermediários.

É um ciclo extenso que começa no produtor, passa pelos armazenistas, transportadores e finalmente os retalhistas.

O que acontece, segundo a Deco, é que existe pouca clareza nos diversos elos desta cadeia de abastecimento.

A Deco considera, por isso, que o governo deveria adotar um papel mais ativo no acompanhamento dos preços de bens alimentares, seja no plano legislativo, seja por via da fiscalização da ASAE.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anónimo
    17 fev, 2023 Lisboa 00:11
    Então estão a calcular a inflação de uma forma muito estranha! Aldrabam de tal forma que parecem companhias de seguros!