07 mar, 2023 • Miguel Coelho
Representa, para já, um projeto piloto que mistura hidrogénio verde numa rede de gás natural em circuito fechado, no Seixal. A experiência começou com 2% de hidrogénio e, no espaço de dois anos, deverá chegar aos 20%. O objetivo é confirmar que esta solução é viável, para que possa ser alargada no futuro. Para já, vai abastecer apenas cerca de 80 consumidores.
A empresa que está a liderar este projeto é a Floene, que até há poucos meses conhecíamos como Galp Gás Natural Distribuição, e que aposta no desenvolvimento desta tecnologia do hidrogénio verde - tal como está a acontecer com muitas outras empresas em Portugal e noutras zonas do Mundo.
Quando se fala em verde não é realmente a cor do hidrogénio, o nome deve-se ao facto deste ser produzido sem emissões poluentes.
Convém lembrar que o hidrogénio é o elemento químico mais abundante do Universo, embora não na Terra, curiosamente, mas ainda assim está em quase todo o lado: na atmosfera, na água, nas próprias rochas..
Na verdade não, porque é preciso extraí-lo. É preciso separar as moléculas de hidrogénio contidas, por exemplo, na água ou noutras matérias-primas, o que até já acontece. Há muito que o hidrogénio é usado, por exemplo, como combustível dos foguetões, só que é obtido com recurso a métodos poluentes. Há o hidrogenio preto, produzido a partir do carvão e, escusado será dizer, que é péssimo para o ambiente. Também há o chamado hidrogénio cinzento, obtido através de gás natural, e que é a grande maioria do hidrogénio produzido atualmente, mas que liberta também muito dióxido de carbono. O hidrogénio azul já é um pouco melhor, porque algum desse dióxido de carbono é capturado e armazenado.
Há também hidrogénio gerado a partir do metano, designado de hidrogénio turquesa. E há mais cores, entre as quais o hidrogénio rosa, que é gerado com energia nuclear.
O hidrogénio verde é aquele que é considerado mais amigo do ambiente, porque é obtido através da chamada eletrólise da água. Basicamente, é passada uma corrente elétrica pela água para decompô-la em oxigénio por um lado e hidrogénio por outro. Mas, para ser considerado verde, é preciso usar apenas fontes de eletricidade renováveis, como a energia produzida pelas barragens, energia eólica ou solar, o que também é um dado importante, porque são fontes abundantes em Portugal.
Trata-se de uma tecnologia ainda pouco desenvolvida e cara. O hidrogénio verde pode custar o dobro ou mais, em comparação com o hidrogénio convencional. Ainda vai ser preciso investir muitos milhares de milhões de euros em eletrolisadores, ou dito de outra forma em fábricas de hidrogénio, para que seja possível produzir em quantidades que possam ser comercializadas.
Acredita-se que nos próximos anos os custos possam diminuir, mas é um processo de longo prazo. Em Portugal, o objetivo para 2030 é ter 5% de hidrogénio verde no consumo final de energia. Para já ainda estamos numa fase de experiências, como a que agora começou no Seixal.