23 mar, 2023 • Anabela Góis
Em fevereiro, os preços das telecomunicações aumentaram 4,8% em comparação com o mês anterior, em Portugal.
Foi a maior subida dos últimos 27 anos, num país que paga cada vez mais por estes serviços, quando comparados com o resto da Europa.
O Explicador Renascença analisa os principais números.
Sim, quando toca a pagar mais, já não somos da cauda da Europa.
Portugal é não só um dos países da União Europeia em que os preços mais têm aumentado, como também é um dos países onde se paga mais pelos serviços.
Segundo o estudo de comparações internacionais de preços, publicado pela empresa finlandesa Rewheel, a Internet no telemóvel em Portugal é a segunda mais cara da União Europeia e a quarta entre 50 países analisados.
Haver há, mas não são tão altos como em Portugal.
De acordo com a ANACOM - Autoridade Nacional das Telecomunicações, só este ano tivemos o maior aumento de preços das telecomunicações de toda a União Europeia.
Mas se olharmos mais para trás, nos últimos 12 meses, em média, os preços das telecomunicações aumentaram 0,1% na União Europeia. Em Portugal, esse aumento foi de 1,7%.
Indo ainda mais longe, entre o final de 2009 e fevereiro deste ano, os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 13,2%, enquanto na União Europeia diminuíram 8,8%.
Acentuou-se a divergência entre Portugal e a União Europeia na evolução dos preços das comunicações eletrónicas.
De acordo com a ANACOM, atingiu 22 pontos percentuais em termos acumulados. Uma evolução que confirma a falta de concorrência no mercado nacional.
Facto que é potenciado pelo regime de fidelizações que não tem levado à descida dos preços. Bem pelo contrário: somos um dos países da União Europeia onde os preços das comunicações eletrónicas mais têm aumentado.
ANACOM
Neste momento, Portugal é também o segundo país co(...)
Desde 1996 que não tínhamos uma subida tão grande.
O custo das matérias e a subida dos preços da energia e do transporte são apontados como os grandes responsáveis.
A somar a isto não nos podemos esquecer que foi em fevereiro que a maioria das operadoras, como a NOS, a MEO e a Vodafone, decidiu aumentar as faturas para compensar a inflação do ano passado, na ordem dos 7,8%.
Poder pode, mas só não é penalizado nos casos de desemprego involuntário ou alteração unilateral das condições contratuais por parte da operadora.
E aqui não pode ser invocado o aumento, porque as operadoras passaram a incluir uma cláusula que prevê a atualização anual dos preços.
E quando há fidelização, na maioria dos casos, os consumidores têm mesmo de respeitar o período previsto.