Siga-nos no Whatsapp
Explicador Renascença
As respostas às questões que importam sobre os temas que nos importam.
A+ / A-
Arquivo

Explicador Renascença

Finlândia entra na NATO. Porque é que é importante?

03 abr, 2023 • Miguel Coelho


A data coincide com o aniversário da Aliança Atlântica. No entanto, a Suécia ainda não conseguiu assegurar a sua entrada na Aliança Atlântica, apesar de ter apresentado uma candidatura ao mesmo tempo que a Finlândia.

Esta terça-feira a Finlândia vai entrar oficialmente na NATO.

A data coincide com o aniversário da Aliança Atlântica.

O Explicador Renascença aponta os motivos que fazem desta entrada um momento importante.

A adesão da Finlândia é concretizada por causa da guerra na Ucrânia?

Sim e convém recordar que a Finlândia - tal como, de resto, a Suécia, que também quer aderir - eram, como se dizia, "não alinhados". Ou seja, países militarmente neutrais.

Até ao ano passado. A invasão russa da Ucrânia fez com que estes dois países mudassem de ideias e pedissem para entrar na NATO.

Um dos exemplos que os especialistas ocidentais dão para concluir que o “tiro saiu pela culatra” a Vladimir Putin.

A adesão da Finlândia deve custar especialmente ao Kremlin?

Sim, porque é um país com uma fronteira comum com a Rússia. São mais de 1.300 quilómetros.

E é um país que assinou um tratado de neutralidade com a então União Soviética em 1948, que agora é remetido para a gaveta da História.

Convém lembrar que um dos argumentos de Putin para invadir a Ucrânia era impedir a adesão à NATO e a eventual de mísseis com capacidade de atingir Moscovo. Não entrou a Ucrânia - ainda - mas a Finlândia vai entrar e a Suécia para lá caminha, embora neste caso sem fronteira com a Rússia.

Qual foi a reação de Moscovo?

A reacção foi a do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, que diz que, perante a adesão da Finlândia, Moscovo tenciona "robustecer a sua capacidade bélica" a Oeste e Noroeste. leia-se: Junto à fronteira com a Finlândia, o que não é propriamente uma surpresa.

Há um ano, pouco depois da invasão russa da Ucrânia, o embaixador de Moscovo, em Estocolmo, já ia avisando que uma eventual adesão dos dois países - Suécia e Finlândia - iria torná-los membros do "bloco hostil" e passariam a ser um "alvo legitimo" de retaliações, nomeadamente, "de natureza militar".

E a Suécia ainda não vai entrar na NATO?

Não, porque a Turquia, que é membros da NATO, impôs uma moeda de troca, exigindo o levantamento do embargo de venda de armas à Turquia e que sejam impedidas as atividades do PKK, o partido (separatista) dos Trabalhadores do Curdistão.

O PKK é classificado como um movimento terrorista - não só por Ancara, mas também pela União Europeia e pela NATO.

No caso da Suécia, Ancara considera que continua a existir alguma condescendência com o PKK. Aliás, a justiça sueca tem recusado extraditar para a Turquia dezenas de cidadãos alegando que os crimes de que são acusados não constam do código penal sueco.

Em síntese, a Turquia já aceitou a entrada da Finlândia na NATO, mas a Suécia terá que esperar.

E a Hungria também complica a entrada?

Sim. Desde o inicio da guerra na Ucrânia que Viktor Orbán tem insistentemente assumido posições na União Europeia.

Posições que, por certo, agradam a Vladimir Putin e, no caso da Suécia, aproveitou a boleia turca para arrastar o processo de adesão à NATO e assim garantir alguns benefícios para a Hungria, no quadro da União.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.