06 abr, 2023 • Hugo Monteiro , Manuela Pires
Esta quarta-feira, a ex-secretária de Estado Alexandra Reis esteve no Parlamento para responder às questões dos deputados sobre a indemnização que recebeu na saída da TAP.
Na comissão de inquérito, a antiga administradora da companhia aérea disse querer devolver a compensação de meio milhão de euros.
Porque a TAP ainda não terá dito como o fazer. Perante os deputados, Alexandra Reis afirmou já ter contactado a empresa pelo menos três vezes para devolver a indemnização - nomeadamente para saber qual o valor exato que terá de entregar -, mas ainda não obteve qualquer resposta.
A ex-gestora assumiu que não concorda com os argumentos da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que considerou a indemnização de 500 mil euros paga pela TAP ilegal, mas que, ainda assim, quero devolver a verba.
Está há um mês a aguardar que a informem como deve proceder.
Alexandra Reis revelou que essa intenção partiu da ainda presidente executiva da companhia aérea. Terá sido Christine Ourmières-Widener a convidá-la a deixar a empresa a 25 de janeiro de 2022 - e que iria contactar uma sociedade de advogados para tratar do processo.
Logo no dia seguinte Alexandra Reis terá chegado a acordo para sair da TAP, até porque, diz a ex-gestora, não queria criar problemas institucionais na empresa.
Alexandra Reis afirmou que não falou com Fernando Medina sobre a saída da TAP.
Por outro lado, garantiu aos deputados que, se na altura o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, lhe tivesse pedido para renunciar ao cargo sem qualquer indemnização, ela teria aceitado, saindo da empresa sem qualquer contrapartida.
A ex-secretária de Estado presumiu que tenha sido pelo facto de conhecer muitas pessoas na Direção-Geral do Tesouro. Terá sido dessa forma que Fernando Medina chegou ao seu nome.
Na comissão de inquérito, Alexandra Reis assegurou ainda que, na primeira reunião que teve com o ministro das Finanças, falaram sobre os projetos para a pasta do Tesouro, mas nunca sobre a TAP, nem sobre a saída da companhia aérea, nem sobre a polémica indemnização.
No entanto, confessou ter estranhado que Medina conhecesse as razões para a sua saída da TAP sem ter conhecimento da indemnização de 500 mil euros.
Não. Alexandra Reis realçou que não sentiu grande escrutínio público. A antiga administradora da empresa reconheceu que a TAP tem sempre um nível de atenção muito grande da parte dos média, mas nunca sentiu qualquer interferência política na tomada de decisões.
A ex-secretária de Estado acrescentou ainda que não reuniu com nenhum membro do Governo ou deputado antes da comissão parlamentar de inquérito, ao contrário do polémico encontro que Christine Ourmières-Widener admite ter tido com o grupo parlamentar socialista, antes da comissão de inquérito de 18 de janeiro deste ano.