13 abr, 2023 • Sérgio Costa
Metade dos portugueses tem salários abaixo dos 1.050 euros brutos, segundo os dados recentemente divulgados pelo INE, relativos ao ano de 2021.
Só em 2020 é que metade dos trabalhadores passou a ganhar mais de mil euros brutos por mês. Em 2019, a chamada mediana, que divide os trabalhadores "ao meio", estava fixada nos 972 euros brutos.
No que diz respeito à média salarial, será uma forma de ler estes números. A média agora é ligeiramente melhor, mas, ainda assim, e comparando com a prática salarial da grande maioria dos países da União Europeia, Portugal é um país de salários baixos.
Sim, como é o caso das mulheres, cuja mediana de salários ainda não alcançou os mil euros brutos. Em 2021, metade das trabalhadoras auferia um valor igual ou inferior a 987 euros por mês. No mesmo ano, a mediana para os homens era de 1.168 euros: ou seja, mais 18%.
Os jovens também entram neste capítulo. Em 2021, quem tinha entre 35 e 44 anos recebia, em média, 1.500 euros brutos. Um valor que supera a remuneração média de um jovem adulto em 19,6%.
Nesse mesmo ano, a média salarial das pessoas entre os 25 e os 34 anos era de 1.260 euros mensais.
Os analistas consideram que os aumentos são mais significativos nos salários inferiores, mas que também há uma política muito orientada para a remuneração mais baixa.
Outra justificação residirá no facto de as empresas criarem pouco valor acrescentado. Queixam-se de não terem capacidade para praticar melhores salários, porque não podem encarecer muito os preços da sua oferta e, desse modo, aumentar receitas. Sem lucro, não conseguem pagar melhor, dizem.
Essa pergunta leva-nos a uma frase recente do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que aconselha a que não se aumente salários. Porquê? Por causa da inflação.
Em momentos de inflação elevada, se houver maior capacidade de consumo, os preços dos produtos e serviços tendem a aumentar. Como o objetivo é reduzir o índice de preços, a política sugerida é a de contenção dos níveis salariais.