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Quais são os impactos do aquecimento global e do degelo dos glaciares?

21 abr, 2023 • Pedro Mesquita


O degelo não pode ser parado "a menos que seja criada uma forma de remover o CO2 da atmosfera", refere o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial.

O relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) relativo a 2022, divulgado esta sexta-feira, revela que os glaciares estão a derreter a um ritmo dramático e que vários indicadores de alterações climáticas voltaram a atingir níveis recorde.

Os resultados deste relatório são conhecidos depois de na quinta-feira o relatório "Estado do Clima Europeu 2022", do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus, indicar que o ano passado foi o segundo mais quente na Europa desde que há registo, com 0,9 graus celsius (ºC) acima da média, enquanto o verão foi o mais quente de sempre, com 1,4ºC acima da média.

O Explicador Renascença destaca os dados principais.

Os glaciares estão a derreter a uma velocidade dramática?

A OMM serve-se do adjetivo "dramático" para descrever o ritmo a que estão a derreter os glaciares e avisa que as alterações climáticas bateram novos recordes de gases com efeito de estufa lançados para a atmosfera.

O relatório conclui que "o gelo marinho antártico se encontra no nível mais baixo de sempre" e que alguns glaciares europeus estão a derreter a uma velocidade sem precedentes.

O aquecimento da Terra está a acontecer, por igual, em todo o planeta? O ritmo é o mesmo?

O climatologista Ricardo Trigo explica que o aquecimento da Terra está a ser muito mais rápido nos polos do que no resto do planeta.

Há zonas do Ártico que estão a aquecer quatro vez mais rápido do que o resto do planeta.

Por outro lado, a Organização Meteorológica Mundial alerta também que o nível do mar está a subir a um ritmo acelerado.

Sim. Para que se perceba o que isto significa, a camada de gelo da Gronelândia, que está a derreter muito rapidamente, deverá acabar por elevar o nível global do mar em pelo menos 27 centímetros, ou seja, mais do dobro daquilo que anteriormente se previa.

O gelo que se encontra a flutuar, mesmo que desapareça, não contribui para o aumento do nível médio do mar.

Aquilo que fará subir o mar é o gelo que está em terra e que, ao derreter, vai para o mar.

Ou seja, a principal razão para uma subida acelerada do nível do mar tem a ver com a expansão térmica, associada ao degelo na Antártida e na Gronelândia, a taxas crescentes.

Falar-se numa subida de 27 centímetros do nível do mar não parece propriamente assustador.

Pois não, o problema é que esses 27 centímetros de subida do nível do mar correspondem, apenas, ao degelo na Gronelândia e é o dobro daquilo que se esperava que acontecesse.

É preciso perceber que dentro de 200 ou 300 anos a subida do nível do mar já não deverá ser medida em centímetros, mas em metros.

Haverá alguma forma de evitar que o degelo continue a acelerar?

Segundo este relatório da Organização Meteorológica Mundial já não será possível impedir o degelo, a menos que se encontre uma forma de remover o CO2 da atmosfera.

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