04 mai, 2023 • Fátima Casanova
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira uma subida das taxas de juro em 0,25%, mantendo a tendência de aumento, ainda que tenha sido o menor desde julho de 2022, quando terminou o longo período em que os juros estiveram a zero ou mesmo negativos.
A notícia deixa muitas famílias, já a braços com a inflação e as dificuldades em pagar as suas contas, ansiosas e surge uma pergunta:
Essa é uma pergunta de resposta difícil para já.
Segundo vários especialistas, as subidas ainda devem continuar, pelo menos, por mais dois meses, dentro desta ordem de grandeza.
Isto significa que no horizonte se perspetivam mais duas subidas das taxas diretoras em 25 pontos base, em junho e depois em julho, altura em que se completa justamente um ano desde que o BCE começou esta escalada das taxas de juro.
Recorde-se que, na altura, a taxa de refinanciamento, a principal taxa de referência, estava a zero.
Hoje os governadores dos bancos centrais decidiram-se por uma subida de 0,25%, o que quer dizer que, ao sétimo aumento, optaram por interromper um ciclo de fortes subidas.
Logo em julho do ano passado, o aumento foi de 50 pontos base, depois seguiram-se duas subidas de 75 pontos base, em setembro e outubro, a que se seguiram três subidas consecutivas de 50 pontos base.
Com a subida anunciada hoje, a principal taxa de juro fixa-se nos 3,75%.
Este aumento já era esperado pelos mercados, o que quer dizer que os custos dos empréstimos já estavam a subir, antecipando o anúncio do BCE.
Por exemplo, se falarmos na taxa Euribor a seis meses, que até há bem pouco tempo era a mais utilizada no crédito à habitação, encontra-se nos 3,62%, e a de 12 meses, mais utilizada nos novos empréstimos, está nos 3,84%. Ambas deixaram de estar em terreno negativo há 11 meses.
Significa mais um agravamento na prestação mensal no momento da revisão da taxa.
Vamos supor um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 1%: com a Euribor a 6 meses, as famílias vão pagar uma prestação de cerca de 784 euros, mais cerca de 22 euros do que já pagavam.
Tomando agora como exemplo a Euribor a 12 meses, a prestação mensal passa para 805 euros, o que significa um aumento de perto de 23 euros.
Esta será a subida que se vai sentir no mês de revisão da taxa. Pode até nem parecer muito, mas é preciso ter em conta que é mais uma de entre várias subidas já concretizadas e os aumentos que se antecipam no início do verão.
Contas feitas a um ano de subidas, entre maio do ano passado e este mês o aumento é de 300 euros na prestação mensal.
Com esta medida, o BCE pretende reduzir a inflação, uma vez que juros mais altos fazem diminuir a procura, ou seja, as pessoas compram menos e os preços começam a baixar ou pelo menos a subir mais devagar.
O BCE quer que a taxa de inflação recue para os 2%, na Zona Euro e até parecia que estávamos no caminho certo, só que após seis meses a recuar, em abril a inflação subiu uma décima para os 7%.
A estimativa para este ano aponta para uma taxa de inflação de cerca de 6% e, pelos cálculos do BCE, os 2% só deverão ser atingidos até 2025.