11 mai, 2023 • Hugo Monteiro
Os portugueses estão a recorrer mais à taxa fixa e à taxa mista no momento de contrair um empréstimo para a compra de casa, apontam dados do Banco de Portugal.
Os créditos à habitação com taxa variável têm perdido popularidade nesta época de crise e instabilidade económica, face à qual as taxas fixas e as mistas conseguem dar maior previsibilidade aos orçamentos familiares. Ou seja, taxas sob as quais o valor da mensalidade se manterá, pelo menos, durante um período largo do empréstimo a pagar.
Numa altura em que os juros mantêm uma tendência de subida, a opção pelas taxas mistas e fixas será mais vantajosa. No entanto, este tipo de crédito, no longo prazo, poderá ser mais desfavorável, uma vez que, mais cedo ou mais tarde, a taxa variável pode baixar para níveis mais simpáticos.
De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira de maio do Banco de Portugal, a opção por taxas fixas e mistas representam 35% dos contratos de crédito à habitação concedidos nos três primeiros meses do ano. Ou seja, um em cada três empréstimos já são feitos nestas modalidades.
Porque, resumidamente, é mais fácil garantir que um empréstimo deste tipo seja aprovado. Há limites à atribuição de crédito definidos pelo Banco de Portugal e que obrigam os bancos a trazerem a taxa de esforço das famílias para a equação, quando estão a decidir se atribuem ou não o crédito.
A taxas fixas e mistas poderão ser mais favoráveis em alguns casos, nesse cálculo que envolve a taxa de esforço. Antes da subida dos juros, os empréstimos à taxa variável eram mais interessantes.
Hoje, quem contratar um empréstimo à taxa variável, até pode conseguir uma mensalidade exequível, mas o problema é que, com as sucessivas variações, e em função dos prazos da Euribor, a atualização do valor pode complicar muito as contas das famílias.
Basicamente, é um tipo de empréstimo que mistura os dois tipos de taxas mais comuns: a fixa e a variável. Ou seja, a modalidade mista permite a quem compra casa iniciar o seu empréstimo com taxa fixa, por exemplo, durante um período de dois, três, quatro, cinco, 10 ou 15 anos, ou mais.
Ao longo desse intervalo de tempo definido, a pessoa vai pagar sempre a mesma prestação. Nos anos seguintes, o empréstimo passa a estar indexado à taxa variável, ou seja, dependente das taxas de juro em vigor.
Pode-se dizer que sim, embora ainda ligeira. Isto porque, segundo as estatísticas do Banco de Portugal, entre 2011 e 2022, nove em cada 10 empréstimos à habitação tiveram taxa variável. Apenas 10% tinham taxa fixa.
No entanto, já este ano, entre janeiro e março, cerca de um em cada três empréstimos (35%) já foram feitos nas modalidades fixa e mista.
Até agora, os dados disponíveis mostravam que o crédito à habitação é dos empréstimos que os portugueses "menos deixam de pagar". No sentido inverso, o crédito ao consumo - para a compra de bens ou serviços - é o que apresenta maior incumprimento.
Neste último caso, tratam-se de valores em dívida por compras com cartões de crédito que as famílias não regularizam. A seguir estão os incumprimentos no crédito pessoal e automóvel.
Pode, precisamente por causa da inflação, da subida das taxas de juro e do desemprego. No documento apresentado esta quarta-feira, o Banco de Portugal aponta que, nos últimos meses, "os riscos para a estabilidade financeira se mantiveram elevados".
Entre os principais riscos e vulnerabilidades, a entidade refere a possibilidade de aumento do incumprimento dos empréstimos, sobretudo, para compra de habitação.
O Governador do Banco de Portugal acredita que estamos próximos do "ponto mais alto" no que toca ao valor dos juros. Mário Centeno não diz até onde vão subir as taxas, mas admite que o pico da subida pode ser atingido no verão.
No entanto, o impacto dos aumentos das taxas de juro ainda se vão fazer sentir, pelo menos, até 2024.