24 mai, 2023 • Sérgio Costa
O Ministério Público terá assumido formalmente suspeitas sobre Fernando Medina, atual ministro das Finanças, por vários crimes em, pelo menos, cinco processos.
Todos os delitos estarão relacionados com a Operação Tutti Frutti, na qual estão implicados alegados atos de corrupção, participação económica em negócio, financiamento proibido de partidos, prevaricação de titular de cargo político, tráfico de influências e abuso de poder.
Para além de Fernando Medina, de acordo com a CNN e a TVI, também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, é suspeito por atos em que os dois governantes eram presidente e vice-presidente da Câmara de Lisboa. Ambos são suspeitos: não são arguidos, nem estão acusados.
Tendo em conta escutas e vigilâncias, há a suspeita de alegados esquemas de um bloco central de interesses entre PS e PSD. Em causa está a distribuição de dezenas de avenças para trabalhos fictícios e negócios de milhões celebrados com empresas de amigos em ajustes diretos.
Estes esquemas, de acordo com as suspeitas do Ministério Público, só eram possíveis pelo controlo de determinadas juntas de freguesia da capital – umas do PSD e outras do PS.
Exatamente. De acordo com o que se sabe da investigação, Fernando Medina terá feito um acordo secreto com responsáveis do PSD, seis meses antes das eleições de 2017, para apresentar candidatos socialistas fracos para que o PSD garantisse o poder em algumas juntas de freguesia de Lisboa.
Em causa está sobretudo Sérgio Azevedo, à altura deputado municipal.
De acordo com o noticiado, nos emails apreendidos a Fernando Medina, consta uma comunicação em que Luís Filipe Vieira pede uma "cunha" ao mais alto nível para garantir a isenção de IMI para um imóvel do filho.
O pedido do na altura presidente do clube encarnado - do qual Medina é adepto - foi aceite, de acordo com a investigação.
Há. No processo, Sérgio Azevedo, do PSD, também é suspeito por, alegadamente, ter servido de "toupeira", a pedido de Pedro Guerra, comentador de futebol afeto ao Benfica, para obter informações junto da autarquia sobre um processo que isentava o clube da Luz de taxas de milhões de euros.
Sim e, sem surpresa, negam os factos descritos. Ambos afirmam nunca ter sido ouvidos pelo Ministério Público.