27 jun, 2023 • André Rodrigues
É uma empresa privada e o seu principal negócio é a guerra. O grupo Wagner, liderado por Yevgeny Prigozhin, foi criado em 2013 e a sua primeira grande missão foi reforçar as forças separatistas pró-russas no Donbass e também na anexação da Crimeia.
O nome Wagner homenageia o compositor Richard Wagner, curiosamente o compositor favorito de Adolf Hitler.
Apesar de ser o criador de composições musicais como a "Cavalgada das Valquírias", “Tristão e Isolda” ou o “Anel de Nibelungo”, Wagner ficou conhecido também pelas suas práticas antissemitas, amplamente difundidas durante o Terceiro Reich, na Alemanha.
Aliás, um dos fundadores desta organização mercenária, o checheno Dmitry Utkin, é um confesso simpatizante da ideologia nazi. O que para um grupo que apoia uma guerra com o propósito de desnazificar a Ucrânia (expressão de Vladimir Putin) é, no mínimo, curioso.
Não. O grupo Wagner é uma força paramilitar de mercenários composta por ex-soldados, prisioneiros e civis russos e estrangeiros que, neste caso, integram o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia. É uma espécie de parceria público-privada em que o Estado russo paga, neste caso a um grupo paramilitar, para combater ao seu serviço.
De resto, a conquista de Bakhmut, no leste da Ucrânia, é talvez o melhor exemplo da importância do grupo Wagner para os objetivos de Moscovo.
Sobretudo em África. Sudão, República Centro-Africana, Líbia e Mali são alguns dos países onde os mercenários Wagner têm uma atuação decisiva.
Por exemplo, na República Centro-Africana, são vistos como os instrutores russos que apoiam o exército governamental.
Na Líbia, calcula-se que cerca de 1.200 mercenários combatem ao lado dos rebeldes.
No Mali, a junta militar - declaradamente pró-russa e antiocidental - também integra centenas de combatentes do grupo Wagner, acusados de graves violações dos direitos humanos no país.
Essa é a grande questão, mas parece que a relação com Moscovo nunca mais voltará a ser a mesma. Nas últimas horas, Vladimir Putin chamou criminosos e assassinos aos militares do Wagner que marcharam rumo a Moscovo.
Quanto a Yevgeny Prigozhin, o líder do grupo Wagner, sabe-se que estará exilado na Bielorrússia, depois de, aparentemente, ter negociado o fim da rebelião com Aleksandr Lukashenko.
Contudo, esteja onde estiver este líder mercenário, o antigo diretor da CIA David Petraeus já lhe deixou um conselho: que tenha “muito cuidado perto de janelas abertas”, numa alusão às circunstâncias estranhas em que morreram vários oligarcas russos que manifestaram a sua oposição a Vladimir Putin e à invasão da Ucrânia.