17 jul, 2023
Há cada vez menos obras a serem efetuadas em condomínios. Um inquérito divulgado recentemente revela que só 13% dos condomínios geridos por empresas teve obras no último ano e meio. Porquê?
Falta de condições financeiras dos moradores, o que faz com que muitas das obras, que teriam de ser feitas, acabem por ser adiadas.
Um estudo da União de Créditos Imobiliários, revela que apenas 13% dos condomínios geridos por empresas foram intervencionados no último ano e meio. E a quase totalidade (98%) das empresas inquiridas dizem que há condomínios que precisam de obras e não as fazem por falta de dinheiro.
E se as obras forem mesmo urgentes?
Essas serão as únicas que, neste cenário, acabam mesmo por ser feitas. O presidente da Associação Nacional dos Profissionais de Administração de Condomínios reconhece, à agência Lusa, que só se fazem obras quando as coisas estão efetivamente mal e não para manter aquilo que está bem. Cada vez mais, as obras são consideradas como algo de natureza secundária, quase estética, a menos que haja mesmo infiltrações ou fachadas a cair. E nesse caso, algumas só avançam quando são as Câmaras municipais a forçar a realização dessas obras.
Por outro lado, há muita gente a querer vender a casa e, portanto, não tem interesse em fazer obras.
Também porque, nesta altura, é muito dispendioso fazer essas obras...
É. Desde a pandemia que se assiste a uma verdadeira escalada dos custos de construção. Os materiais estão mais caros, assim como a mão de obra. Um quadro ainda agravado pela falta de profissionais nesta área. Por exemplo, a Associação de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios diz que faltam empreiteiros para a realização de obras a curto ou médio prazo.
E isto não agrava o valor do seguro? Ou seja, as seguradoras aceitam contratos com proprietários de casas em prédios que precisam de obras e que não as fazem?
É, pelo menos, uma situação que pode agravar o valor do seguro multirrisco da habitação e até tornar mais complicada a formalização do contrato. Isto porque, as seguradoras levam em conta o estado de degradação do edifício. As seguradoras querem conhecer o tipo de construção e o estado em que se encontra a fração ou o imóvel, quando fazem a avaliação das condições do seguro.
E como é que se dá a volta a isto? Como se pode alterar esta tendência?
A associação responsável por este estudo defende um mais fácil acesso dos condomínios ao crédito bancário para a realização destas obras. Só com garantias pessoais de alguns dos condóminos é que é possível, nesta altura, pedir um crédito bancário para obras de conservação - o que o torna inviável na maior parte das situações, pois é difícil fazer que alguém assuma o risco de incumprimento dos vizinhos.
Por isso é que três quartos destas empresas concordam que se a lei fosse alterada para permitir aos condomínios contratar empréstimos, isso facilitaria a realização de obras.
Por outro lado, a associação que representa as empresas que geram condomínios defende, ainda, a taxa mínima do IVA a todas as obras de reabilitação de edifícios - o que traria uma redução muito significativa do custo.