Siga-nos no Whatsapp
Explicador Renascença
As respostas às questões que importam sobre os temas que nos importam.
A+ / A-
Arquivo
Pedro Sanchez pode estar dependente de Puigdemont para formar Governo?

Explicador Renascença

Pedro Sánchez pode estar dependente de Puigdemont para formar Governo?

25 jul, 2023 • João Malheiro


Ainda esta segunda-feira o Ministério Público espanhol solicitou que fossem emitidos novos mandados de busca e detenção contra Puigdemont. Em Espanha, o líder de um futuro Governo tem de ser empossado, ou seja, votado no Parlamento.

O que é que vai acontecer agora?

Só na próxima semana é que vão conhecer-se os resultados oficiais das eleições.

Depois de serem publicados, o novo parlamento vai reunir-se para eleger um presidente para este orgão.

O Rei de Espanha deve chamar os partidos e convidar um deles para tentar formar governo, já na segunda quinzena de agosto.

Quem vai tentar formar Governo?

À partida, Alberto Núñez Feijóo deve tentar iniciar conversas para obter uma maioria parlamentar que sustente uma governação, já que o PP ficou em primeiro lugar nas eleições.

No entanto, as negociações não estão fáceis.

Esta segunda-feira, o deputado único da Coalición Canaria e os cinco deputados dos nacionalistas bascos do PVN já recusaram dialogar com Feijóo, reduzindo o que já era um número minoritário na nova configuração parlamentar.

O próprio Vox, que era visto como um possível parceiro fundamental de um governo do PP, perdeu 19 deputados nestas eleições, reduzindo ainda mais a força de um cenário de maioria à direita.

O que acontece se não houver maioria?

Em Espanha, o líder de um futuro Governo tem de ser empossado, ou seja, votado no Parlamento.

Se Feijóo ou Sánchez forem submetidos a uma votação no Parlamento, precisam de maioria absoluta na primeira votação e, se chumbarem, uma maioria simples na segunda votação.

Se forem reprovados, de novo, começa a contar um prazo de dois meses.

E se, em dois meses não houver Governo, é preciso fazer uma nova eleição, como aconteceu em 2019.

Sanchez consegue apresentar uma alternativa?

Pedro Sánchez também dificilmente terá números para uma votação de maioria absoluta, contudo, na segunda ronda, é possível ter números para ser empossado por maioria simples.

Para isso terá de fazer uma coligação com o SUMAR, que é o herdeiro do Podemos, e terá também de fazer concessões a partidos regionais para conseguir o seu apoio.

No entanto, nada se vai fazer sem o apoio do partido Juntos Pela Catalunha, de Charles Puigdemont.

O partido elegeu sete deputados e pode ajudar a chumbar Feijóo e a aprovar uma alternativa liderada por Sanchez.

Sanchez está dependente de alguém que Espanha quer deter?

Sim. Ainda esta segunda-feira o Ministério Público espanhol solicitou que fossem emitidos novos mandados de busca e detenção contra Puigdemont.

O próprio antigo presidente regional catalão não se deixou de mostrar surpreendido pelo momento escolhido para a formalização do pedido.

“Num dia és decisivo para formar um Governo espanhol, no dia seguinte Espanha ordena a tua detenção”, ironizou o antigo presidente do Governo catalão, através do Twitter.

O diário El Mundo diz mesmo que “Puigdemont poderá fazer Pedro Sánchez presidente", apesar de, durante a legislativa anterior, o Junts se ter oposto ao PSOE.

O PSOE vai precisar de resolver esta contradição para Governar?

Do ponto de vista dos números, sim. Os sete deputados do Junts Pela Catalunha podem mesmo ser decisivos.

À Renascença, o embaixador Martins da Cruz considera que, para que tal cenário seja possível, será preciso amnistia para Puigdemont e, talvez, admitir novo referendo para a independência na Catalunha.

O diplomata português refere que estas condições deverão ser "difíceis de aceitar".

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.