25 jul, 2023 • João Malheiro
Só na próxima semana é que vão conhecer-se os resultados oficiais das eleições.
Depois de serem publicados, o novo parlamento vai reunir-se para eleger um presidente para este orgão.
O Rei de Espanha deve chamar os partidos e convidar um deles para tentar formar governo, já na segunda quinzena de agosto.
À partida, Alberto Núñez Feijóo deve tentar iniciar conversas para obter uma maioria parlamentar que sustente uma governação, já que o PP ficou em primeiro lugar nas eleições.
No entanto, as negociações não estão fáceis.
Esta segunda-feira, o deputado único da Coalición Canaria e os cinco deputados dos nacionalistas bascos do PVN já recusaram dialogar com Feijóo, reduzindo o que já era um número minoritário na nova configuração parlamentar.
O próprio Vox, que era visto como um possível parceiro fundamental de um governo do PP, perdeu 19 deputados nestas eleições, reduzindo ainda mais a força de um cenário de maioria à direita.
Em Espanha, o líder de um futuro Governo tem de ser empossado, ou seja, votado no Parlamento.
Se Feijóo ou Sánchez forem submetidos a uma votação no Parlamento, precisam de maioria absoluta na primeira votação e, se chumbarem, uma maioria simples na segunda votação.
Se forem reprovados, de novo, começa a contar um prazo de dois meses.
E se, em dois meses não houver Governo, é preciso fazer uma nova eleição, como aconteceu em 2019.
Pedro Sánchez também dificilmente terá números para uma votação de maioria absoluta, contudo, na segunda ronda, é possível ter números para ser empossado por maioria simples.
Para isso terá de fazer uma coligação com o SUMAR, que é o herdeiro do Podemos, e terá também de fazer concessões a partidos regionais para conseguir o seu apoio.
No entanto, nada se vai fazer sem o apoio do partido Juntos Pela Catalunha, de Charles Puigdemont.
O partido elegeu sete deputados e pode ajudar a chumbar Feijóo e a aprovar uma alternativa liderada por Sanchez.
Sim. Ainda esta segunda-feira o Ministério Público espanhol solicitou que fossem emitidos novos mandados de busca e detenção contra Puigdemont.
O próprio antigo presidente regional catalão não se deixou de mostrar surpreendido pelo momento escolhido para a formalização do pedido.
“Num dia és decisivo para formar um Governo espanhol, no dia seguinte Espanha ordena a tua detenção”, ironizou o antigo presidente do Governo catalão, através do Twitter.
O diário El Mundo diz mesmo que “Puigdemont poderá fazer Pedro Sánchez presidente", apesar de, durante a legislativa anterior, o Junts se ter oposto ao PSOE.
Do ponto de vista dos números, sim. Os sete deputados do Junts Pela Catalunha podem mesmo ser decisivos.
À Renascença, o embaixador Martins da Cruz considera que, para que tal cenário seja possível, será preciso amnistia para Puigdemont e, talvez, admitir novo referendo para a independência na Catalunha.
O diplomata português refere que estas condições deverão ser "difíceis de aceitar".