28 jul, 2023 • Hugo Monteiro , Anabela Góis
Chama-se "Klebsiella Pneumoniae", uma bactéria muitas vezes, presente no nosso organismo, mas sem manifestações, mas que pode causar várias infeções, sobretudo, nas pessoas mais frágeis.
Geralmente é inofensiva. Esta bactéria está presente no nosso aparelho digestivo onde, habitualmente, não causa problemas. Ela pode é tornar-se mais perigosa quando chega a outras partes do corpo humano, como os pulmões. E aí, pode provocar doenças como pneumonias, infeções urinárias ou até meningite.
Com antibióticos com nomes impronunciáveis em rádio. O problema é que esta bactéria que obrigou ao encerramento da neonatologia do Hospital de Santa Maria é cada vez mais resistente, até aos antibióticos mais potentes. Muitas vezes é preciso ir variando o antibiótico até ser possível encontrar um que seja eficaz. Daí esta medida tomada pelo Hospital de Santa Maria de encerrar e isolar o serviço de neonatologia.
Por contacto direto com a própria bactéria. Não se espalha pelo ar. Daí o facto de o risco ser mais elevado entre quem está internado num estabelecimento de saúde. Porque é possível que seja transmitida através de equipamentos hospitalares como cateteres e ventiladores. Isto para doentes que já sofrem de outras doenças. Como uma doença pulmonar obstrutiva crónica, doença vascular periférica, doença renal ou doença oncológica.
O surto terá começado com uma conjuntivite normal, depois testaram-se os outros bebés e 11 dos 13 bebés ali internados testaram positivo.
Estes 12 bebés internados no Hospital da Santa Maria são portadores da bactéria, mas estão estáveis. Daí dizer-se que são bebés colonizados com esta bactéria multirresistente. As duas outras crianças estão negativas. Ou seja, não têm esta bactéria.
O problema, é que as 11 crianças portadoras da bactéria são muito prematuros, daí a situação ser mais complicada. São bebés que estão isolados. Clinicamente estáveis. Não estão a tomar antibiótico para a bactéria "klebsiella pneumoniae" porque, não estão verdadeiramente infetados, só estão colonizados.
Estão a ser tratadas numa sala à parte, enquanto precisarem de cuidados. Quando não precisarem dos cuidados terão alta, estejam ou não colonizadas por esta bactéria, porque, como referi, não estão infetadas, estão, isso sim, colonizadas.
Exatamente. O Hospital de Santa Maria está a investigar a morte de um recém-nascido, na semana passada, que estava colonizado com a bactéria multirresistente. O objetivo é perceber se foi a bactéria que provocou a morte. Ainda não há conclusões.
A admissão de bebés no serviço de neonatologia foi suspensa. Por isso, as grávidas de risco, cujos bebés precisem, por exemplo, de incubadora, vão ser transferidas para outros hospitais, nomeadamente, para a Maternidade Alfredo da Costa ou o Hospital Amadora-Sintra.
O serviço de neonatologia de Santa Maria deveria fechar portas na terça-feira para obras. Agora vai ter de manter-se aberto até que os bebés tenham alta.
Não... Já aconteceu... Por exemplo, em 2015 houve um surto desta bactéria no Hospital de Gaia. A bactéria foi detectada em mais de uma centena de doentes. Estavam ou infectados ou eram apenas portadores - sem terem manifestações clínicas. Provocou oito mortes, entre pacientes mais debilitados e frágeis.