11 set, 2023 • Hugo Monteiro
A fábrica da Volkswagen em Palmela inicia esta segunda-feira uma paragem na produção. Na prática, a fábrica vai estar parada durante praticamente dois meses.
Por falta de matéria prima. Faltam peças que são produzidas por um fornecedor da Eslovénia que, de acordo com a administração da Autoeuropa, foi severamente afetado pelas cheias do início de agosto e que afetaram aquele país europeu. São peças essenciais para a construção de motores. Sem essas peças, a administração decidiu interromper a produção a partir de hoje, até 12 de novembro.
Na sua maioria entram em lay-off. A administração da Autoeuropa compromete-se a pagar de 95% dos salários. Mas esta situação preocupa ainda diversas empresas do parque industrial de Palmela, que se preparam para aplicar cortes salariais - que deverão ser de 5%, 10% e 33%. As comissões de trabalhadores do Parque Industrial dizem que em causa estão cerca de 300 postos de trabalho - nomeadamente de trabalhadores precários e temporários.
Há várias empresas que dependem, direta ou indiretamente, da unidade da Volkswagen. O ministro da Economia disse recentemente que foram já mapeadas 30 empresas satélites. Contudo, dessas, 18 dependem da fábrica de automóveis em menos de 25%.
O primeiro-ministro já reconheceu que a suspensão da atividade na fábrica da Autoeuropa terá um impacto negativo enorme - é o termo usado por António Costa - no PIB e nas exportações nacionais. Costa sublinhou, ao mesmo tempo, que esta circunstância resulta de uma interdependência a nível das economias e de fatores externos a Portugal. Já o ministro da Economia disse, na semana passada, acreditar que a paragem da Autoeuropa vai ser menor do que a anunciada. António Costa e Silva destacou que o Governo está a trabalhar para minimizar o impacto da paragem no país.
É um peso muito significativo: o volume de vendas no ano passado foi superior a 3,6 mil milhões de euros. Na prática, a Autoeuropa representa 1,5% da riqueza produzida pela economia nacional. Tem, ainda, um peso muito significativo nas exportações. É da fábrica de Palmela que sairam 4% do total das exportações do ano passado. Ocupa o segundo lugar na lista das empresas que mais exportam em Portugal - só é superada pela Galp. A unidade vendeu, no ano passado, 231 mil veículos.