20 set, 2023 • Anabela Góis
O Governo prepara-se para aprovar as condições para a privatização da TAP, tal como anunciou, na terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, na Assembleia da República.
Vem na sequência do processo de venda que foi aberto em abril.
Na altura foram escolhidas duas entidades financeiras independentes para avaliarem a TAP e o objetivo era que o processo estivesse concluído no verão, para depois ser apresentado o caderno de encargos.
Portanto o anúncio de António Costa indicia que o valor da venda já terá sido apurado.
O Governo também tem, por outro lado, interesse em aproveitar uma situação que é duplamente favorável: por um lado, há interessados na compra da TAP e a empresa tem tido resultados positivos, o que reforça certamente o interesse do mercado.
Está. No 1º semestre deste ano, teve à volta de 23 milhões de euros de lucro.
Já em 2022 tinha fechado o ano com resultado positivo de mais de 65 milhões, depois de 5 anos de prejuízos.
A juntar a isto, anunciou o primeiro-ministro que a empresa já está a transportar praticamente os mesmos passageiros que transportava antes da pandemia.
Até junho foram transportados mais de sete milhões e meio de passageiros. Números que o Govreno quererá aproveitar para tentar valorizar ao máximo a privatização.
Não. António Costa admitiu ontem que pode vender parte ou a totalidade do capital da companhia.
Hoje, o ministro das infraestruturas, João Galamba, admitiu também a possibilidade da privatização total.
Mas ainda em junho o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, (que tem o dossier em mãos) disse no parlamento que o Governo querer manter uma participação estratégica na companhia aérea.
Portanto vamos ter de aguardar pelo Conselho de Ministros da próxima semana para ficarmos a saber mais sobre as intenções do Governo.
O que sabemos é que tem havido algumas manifestações de interesse, a mais falada tem sido a da alemã Lufthansa.
Mas o ministro das infraestruturas também disse que outros grupos de aviação - casos da Air France/KLM e IAG-Ibéria/British Airways - poderiam avançar.
E João Galamba falou ainda noutras três empresas de outros setores, três players de fora do setor da aviação (para usar o jargão do ministro) que teriam manifestado interesse na TAP. Mas teremos de esperar pelo desenrolar do processo.
Isso são contas muito complicadas.
A última vez que a TAP foi avaliada já foi há quatro anos, quando se pensou na hipótese de dispersão do capital em Bolsa. Portanto antes da pandemia e antes da reestruturação.
Nessa altura o Deutsche Bank deu-lhe um valor entre 637 e 1.035 milhões de euros.
Mas de lá para cá tanta coisa aconteceu, incluindo a injecção de mais de 3 mil mlhoes de euros por parte do Estado, que é possível que o valor seja outro.
A ideia é que a venda da TAP esteja concluída no ano que vem.
O ministro das finanças já foi falou até no 1º semestre de 2024, mas na altura também disse que não havia urgência.