16 out, 2023 • Sérgio Costa
Tudo aponta para uma mudança política na Polónia. No espaço europeu é algo que encaramos com normalidade, a alternância de poder, mas o caso polaco está a suscitar grande interesse.
Tudo aponta para o fim de um governo que, de acordo com vários analistas, está na frente do que dizem ser uma deriva populista na Europa, ou seja, integra um grupo de governos com políticas que são consideradas atentatórias das democracias liberais. É o caso da Polónia e da Hungria, por exemplo.
No caso da Polónia, o atual governo é abertamente anti-imigração e acolhimento de refugiados.
O partido de direita radical de Jaroslaw Kaczynski montou uma campanha em torno da segurança, do medo da imigração muçulmana, o ódio à Alemanha e a desconfiança face ao projecto europeu. Os dois mandatos foram marcados por políticas que comprometeram os direitos das mulheres e das minorias e, muito grave, o controlo governamental dos media e do poder judicial.
Como não pode interferir na política interna dos estados-membros, Bruxelas decidiu bloquear mais de 35 mil milhões de euros em fundos europeus. Resposta ao que diz ser o ataque da Polónia ao Estado de direito democrático, um valor fundamental para o projeto europeu.
Sim, mas sem maioria. Por isso, tudo indica que será possível uma coligação de vários partidos da oposição para apoiar um novo governo. Será uma espécie de geringonça moderada que deverá conduzir Donald Tusk á liderança do governo.
Já foi primeiro-ministro polaco e presidente do Conselho Europeu. Como se percebe é um europeísta convicto.
Ele aposta sobretudo na normalização das relações com Bruxelas e na promessa de desbloquear os 35,4 mil milhões de euros em fundos europeus que a Comissão Europeia mantém cativos na sequência dos ataques ao Estado de direito na Polónia.
Tudo indica que poderá promover uma reaproximação de Varsóvia aos valores da União Europeia.