18 out, 2023 • André Rodrigues
Mais de 500 pessoas poderão ter morrido na última noite num hospital em Gaza. Um míssil atingiu aquela unidade e, de imediato, começou uma troca de acusações entre Israel e o Hamas sobre a autoria deste disparo.
Antes de mais, que o número ainda é incerto. Mas deverá superar as 500 vítimas mortais.
É, pelo menos, essa a estimativa do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que acusa Israel de ter cometido um crime de guerra, ao levar a cabo um ataque contra este hospital árabe de al-Ahli.
Na resposta, as forças armadas israelitas negam a acusação e dizem que a Jihad Islâmica é que é responsável pelo lançamento deste rocket que teria Israel como alvo, mas acabou por tomar a direção errada.
É o chamado 'fogo amigo'...
A ter acontecido dessa forma, sim, poderemos estar perante uma situação desse género.
É sempre difícil responder a essa pergunta, mas não é de excluir essa hipótese. Até porque Israel tem insistido que estes grupos radicais - o Hamas, a Jihad Islâmica e o Hezbollah - utilizam a população civil como escudo humano e que os fins justificam os meios.
Seja como for, nas últimas horas, as Forças de Defesa de Israel divulgaram uma comunicação entre combatentes islamitas em Gaza onde se afirma, a dada altura, que este é um ato praticado pela Jihad Islâmica.
Ainda assim, não é possível perceber se foi uma ação premeditada por parte da Jihad Islâmica.
Certo é que tudo isto aconteceu numa altura em que foi lançada uma enorme quantidade de rockets a partir da Faixa de Gaza.
Tem tudo a ver com a própria logística deste grupo islamita que anula a eficácia da tecnologia militar israelita: o Hamas colocou os seus depósitos de munições em túneis - que são autênticas cidades subterrâneas que passam por baixo de hospitais, escolas e centros sociais.
O que significa que qualquer ataque a estas infraestruturas necessita sempre de uma precisão cirúrgica para reduzir ao mínimo possível o risco para a população civil.
Essa será, também, uma das razões para Israel continuar a adiar a tão anunciada ofensiva terrestre de larga escala. Justamente para evitar um número muito elevado de perdas civis.
Nos países árabes, há uma condenação generalizada. A reação foi imediata, por exemplo em Amã, a capital da Jordânia, e também em Tunes, a capital tunisina com manifestações de repúdio por este ataque.
Em Ramallah, a capital da Cisjordânia, registaram-se confrontos na última noite, entre a polícia e manifestantes que pediam a saída do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas que, nas últimas horas, acusou Israel de não ter linhas vermelhas.
Já os pró-iranianos do Hezbollah, apelam à celebração de um “Dia de Raiva" sem precedentes.
A Arábia Saudita denuncia o que diz ser a “violação de todas as leis e padrões internacionais”, acusando Israel de prosseguir ataques contra civis.