O ataque ao hospital em Gaza chocou o mundo e colocou a guerra entre o Hamas e Israel num momento de grande tensão. Aconteceu há perto de 48 horas e, desde essa altura, muito se disse e escreveu informações que até são contraditórias. Em que ponto estamos?
Nesta altura há informações contraditórias quanto ao número de vítimas mortais e também quanto aos responsáveis pelo ataque, que aconteceu na terça-feira.
Logo nessa altura, o governo que administra a Faixa de Gaza, que pertence ao Hamas, acusou Israel pelo ataque, dizendo tratar-se de um crime de guerra, segundo uma nota obtida pela CNN internacional, e o ministro da saúde da Faixa de Gaza disse que o ataque fez perto de 500 mortos, concretamente 471.
Nas últimas horas, fonte de um serviço de informações europeu disse à France Presse que no ataque teriam morrido dezenas de pessoas, provavelmente entre 10 e 50, acrescentando que não há provas que apoiem a presença de centenas de pessoas no estacionamento do hospital, onde decorreu o bombardeamento.
E isso já é ponto assente? Que atingiu o parque de estacionamento?
Há imagens internas do local, obtidas pela agência Reuters, que mostram o local da explosão e onde se vêm cerca de duas dúzias de veículos destruídos. este parque é rodeado por vários edifícios que ficaram danificados e onde se vêem janelas partidas.
Um porta-voz do Exército israelita afirmou, entretanto, que não houve danos estruturais nos edifícios ao redor do hospital e que não é visível nenhuma cratera condizente com um ataque aéreo.
Quanto à autoria do ataque...depois das acusações feitas pelo governo da Faixa de Gaza, o que se seguiu?
O exército israelita negou ter tido qualquer responsabilidade e, na sequência de investigações, Israel atribuiu a explosão no hospital a um ataque fracassado de foguetes da organização palestiniana Jihad Islâmica.
De resto, o Exército destacou que, nos primeiros 11 dias de guerra, cerca de 450 foguetes disparados a partir de Gaza terão caído em território palestiniano.
Entretanto, os Estados Unidos da América, tendo por base a análise de imagens aéreas e também de comunicações que foram intercetadas, dizem que Israel não é o responsável pela explosão.
O que é certo é que essa explosão aconteceu na véspera da viagem do presidente Biden e acabou por atrapalhar os esforços diplomáticos do Estados Unidos.
Sim, desde logo limitou a viagem de Joe Biden a Israel porque, na sequência das notícias dessa explosão, a Jordânia cancelou a cimeira entre o presidente norte-americano e os líderes egípcio e da Autoridade palestiniana. Desta forma, Biden regressou logo à Casa Branca depois de ter passado cerca de oito horas em Israel, onde manteve contactos com o governo, militares e civis.
Temos noticiado vários protestos de condenação a Israel. Não há a preocupação de tentar perceber o que aconteceu realmente?
Mal foi conhecida a notícia, os países árabes uniram-se e tomaram como verdadeiras as afirmações do governo de Gaza. Já no Ocidente há a preocupação de ouvir várias fontes e de acompanhar o evoluir da situação, que é o que está a acontecer neste caso. As primeiras noticias que foram dadas, citando o governo de Gaza, davam conta de um ataque aéreo israelita que teria matado perto de 500 pessoas. Depois disso já houve um caminho para tentar obter a confirmação de fontes independentes.
Tanto aqui nesta guerra no Médio Oriente, como na Ucrânia, depois da invasão russa, a informação tem sido utilizada como uma arma.