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O que disse Guterres sobre Israel e o Hamas e porque divide tanto as opiniões?

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O que disse Guterres sobre Israel e o Hamas e porque divide tanto as opiniões?

26 out, 2023 • André Rodrigues


Em causa estão declarações feitas na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em que afirmou que "é importante reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo", acrescentando que "o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".

Os últimos dias têm sido marcados pela polémica em torno de António Guterres e das declarações sobre a guerra no Médio Oriente.

Afinal, o que disse o secretário-geral das Nações Unidas e porque é que está a dividir tanto as opiniões?

Dividido é o mínimo que se pode dizer acerca desta polémica que dura desde esta terça-feira.

Na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança, o secretário-geral das Nações Unidas reafirmou a condenação ao "terror sem precedentes" nos ataques do Hamas, de 7 de outubro. Guterres disse que "nada pode justificar o assassinato, o ataque e o rapto deliberados de civis", mas que isso "não pode justificar a punição coletiva do povo palestiniano".

E aí começa a polémica...

Sim, porque o secretário-geral da ONU aludiu a "violações claras do direito humanitário internacional" na Faixa de Gaza, sublinhando que os ataques do Hamas não surgiram do nada, no quadro de 56 anos de uma "ocupação sufocante" - e aqui, uma vez mais, a expressão é de António Guterres e motivou, logo ali na hora, uma resposta enérgica por parte do ministro dos negócios estrangeiros israelita, que acusou Guterres de justificar o terrorismo do Hamas. Chegando, mesmo, a pedir a demissão de Guterres e a perguntar "Em que mundo vive, senhor secretário-geral?".

Como é que o mundo tem reagido?

Começamos pelos Estados Unidos, que é um dos principais atores internacionais.

O secretário de Estado, Anthony Blinken, insiste que "o Hamas não representa o povo palestiniano" e lembra que "os civis palestinianos não são culpados pelos atos de terrorismo do Hamas".

Mas há outras vozes que alinham com a indignação expressa por Israel: por exemplo, Itália e Reino Unido desafiam António Guterres a retratar-se destas declarações que classificam como "inaceitáveis".

Espanha mostrou-se solidária com o secretário-geral da ONU. Pedro Sanchez referiu que Guterres levantou a voz "por uma grande maioria das sociedades do mundo que querem uma pausa humanitária" no conflito do Médio Oriente.

E Portugal?

Diz que Guterres foi "cristalino na análise". É a posição expressa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros que considera que "não há forma nenhuma de dizer que António Guterres está a desculpabilizar o terrorismo".

Aqui uma resposta muito clara a Israel. O gabinete do ministro Gomes Cravinho diz que isso "é um erro absoluto e que não se pode deixar passar em branco".

E o próprio Guterres, como reage a tudo isto?

Em choque. O secretário-geral das Nações Unidas lamenta o que diz ser uma deturpação das suas declarações.

Esta é a primeira vez que o conflito israelo-palestiniano motiva uma polémica deste género?

Não. Aliás, a tensão dos últimos dias já aconteceu no passado entre o Estado israelita e outros secretários-gerais da ONU que expressaram preocupação. Por exemplo, em finais dos anos 90, o secretário-geral Boutros-Ghali insurgiu-se contra a deportação de cidadãos palestinianos.

Mais recentemente, Ban Ki Moon, antecessor de Guterres na ONU, nunca se absteve de criticar a ocupação.

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