27 out, 2023 • João Malheiro
Este fim de semana volta a mudar a hora.
Começa o horário de inverno e acaba o do verão, mas já existe há vários anos uma discussão para que a União Europeia adote um horário anual único.
O Explicador Renascença resume a questão.
O chamado horário de inverno começa na madrugada de sábado para domingo.
Em Portugal continental e na Madeira, às 2h00 do dia 29 de outubro, os relógios atrasam 60 minutos e passam a marcar 1h00.
No caso dos Açores, é tudo feito, como habitual, com uma hora de atraso.
Em 2018, Bruxelas fez um inquérito aos cidadãos europeus para saber se estavam de acordo com a medida ou não. Apesar de mais de 4,6 milhões terem respondido, a amostra não corresponde a uma representação fiel da União Europeia.
Por exemplo, Portugal apenas teve uma participação de 0,33% no inquérito. Mas vale relembrar que esta participação dos cidadãos europeus é uma participação recorde numa consulta pública feita no quadro da UE.
Mesmo assim, em 2019, o Parlamento Europeu aprovou o fim da mudança bianual da hora, com 410 votos a favor da medida, 192 contra e 51 abstenções.
Como tem sido o caso com muita coisa: a culpa é da pandemia.
A escolha de um horário permanente estava agendada para abril de 2020, mas, precisamente, três meses antes, a Covid-19 atingiu a Europa e mudou as prioridades do mundo.
Neste momento, não há indicações de quando é que o processo voltará a avançar.
Em 2018, António Costa era contra o fim do regime bianual.
De acordo com um parecer pedido pelo Governo ao Observatório Astronómico de Lisboa, a mudança não seria benéfica para os portugueses.
Certo é que, se a União Europeia quiser mesmo definir um horário anual permanente, todos os estados-membros terão de o seguir.
Em 2021, vários peritos e instituições subscreveram à Declaração de Barcelona sobre Políticas do Tempo.
Segundo os especialistas, a mudança de hora não tem efeitos significativos na poupança energética, contudo a manutenção da hora deve melhorar a saúde, a economia a segurança e o meio ambiente.
Estes mesmos peritos defendem que a União Europeia devia manter o horário de inverno e acabar com o horário de verão.
Há também quem defenda que depende de cada país. Portugal, por exemplo, faz sentido ter esta alteração bianual, enquanto outros, mais a norte da Europa, por terem dias mais curtos, deviam manter um único horário.
As opiniões divergem entre especialistas, mas a verdade é que não há nenhuma decisão à vista.