08 nov, 2023 • Sérgio Costa
Com a demissão de António Costa o que acontece ou deixa de acontecer? A Renascença explica.
Há a possibilidade de o aumento do IUC e todas as medidas inscritas no Orçamento do Estado caírem como por exemplo a anunciada descida do IRS. Tudo depende do momento em que Marcelo Rebelo de Sousa decidir ou formalizar a dissolução do parlamento.
A votação final global do orçamento está agendada para o dia 29 de novembro. Se Marcelo dissolver a assembleia antes de 29 de novembro, não vai haver orçamento.
Nesse caso, para além de caírem medidas como o aumento do IUC para carros anteriores a julho de 2007 ou a descida do IRS, também não haverá aumento de pensões e salários da função pública, nem sequer aumento do salário mínimo para 820 euros, entre muitas outras medidas.
Se o Presidente dissolver a assembleia depois de 29 de novembro, vai existir orçamento e todas estas medidas vão ser aprovadas porque, até lá, o PS tem maioria absoluta.
Marcelo já dissolveu a assembleia por não ter sido aprovado um Orçamento do Estado. O presidente poderá querer, por isso, um orçamento aprovado. Nada está ainda definido, mas há um dado importante.
Não há muito tempo, o presidente deixou entender que uma eventual demissão de António Costa implicaria novas eleições.
As negociações estão suspensas. Estava prevista nova reunião esta quarta-feira entre governo e sindicatos, mas o cenário de crise política levou à suspensão do diálogo e não é possível determinar o momento em que as conversações serão retomadas.
Entretanto, o movimento médicos em luta que desencadeou protestos contra o trabalho além das 150 horas extraordinárias admite suspender o protesto se forem convocadas novas eleições.
Tudo indica que vai ser difícil a concretização. Recorde-se que o Presidente da República não promulgou o decreto e exigiu explicações.
Por isso, o decreto terá de ser alterado - algo que não é provável que venha a acontecer num governo em que o primeiro-ministro acaba de anunciar a sua demissão. Aliás, o próprio governo dizia não haver urgência, logo, a privatização deverá não avançar no imediato.
Se não avançou em 50 anos, ficará, certamente, mais algum tempo à espera.
A Comissão Técnica Independente (CTI) deverá entregar o estudo sobre a localização do novo aeroporto até ao final do ano, mas como a decisão é política e com um governo de gestão nada deverá ser concretizado.
Aliás, estava mesmo acordado o governo assumir uma decisão em conjunto com o PSD. Em cenário de crise política, nada deverá avançar, ou seja, depois de a CTI apresentar as suas conclusões, o que estava acordado seria que o Governo, em conjunto com o PSD, tomaria uma decisão.
António Costa. Costa anunciou a demissão, mas vai permanecer como chefe de governo até á tomada de pose de um novo governo.
Contudo, está limitado nesse poder de decisão porque vai ter a função de gerir, apenas, e não poderá assumir decisões relevantes.