17 nov, 2023 • Sérgio Costa
Já no próximo domingo assinala-se o Dia Mundial dos Pobres, data em que múltiplas iniciativas lembram a necessidade de apoiar os mais desfavorecidos.
Foi instituído pelo Papa Francisco e convoca aqueles que têm a missão de apoiar os que sofrem pela precariedade da existência e pela falta do necessário a uma vida digna. É celebrado anualmente no mês de novembro.
O Dia Mundial dos Pobres comemora-se no 33.º domingo do Tempo Comum do calendário litúrgico. Por isso, este ano calha a 19 de novembro, mas não há uma data fixa.
Francisco lembra que vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza.
Da população portuguesa, 20,1% estava em risco de pobreza ou exclusão social, em 2022. 1,7 milhões estão em risco de pobreza, ou seja, vivem com rendimentos inferiores a 551 euros mensais.
Há outro dado muito relevante. Se até ao início do século a população mais idosa era a mais exposta à situação de pobreza, nos últimos anos acentuou-se a pobreza das crianças e dos jovens, com índices de pobreza superiores aos da população idosa e mesmo do conjunto da população.
Estes são dados do mais recente Índice de Justiça Intergeracional para Portugal revelado em Outubro.
Os investigadores sublinham que esta mudança no perfil da população pobre, com particular incidência nas crianças, poderá, se não for contrariada, tornar-se difícil de combater.
Se tal acontecer poderá acentuar o caráter estrutural da pobreza em Portugal e marcar de forma vincada as oportunidades e a qualidade de vida nos próximos anos.
Foi recentemente aprovada pelo governo a Estratégia Nacional Contra a Pobreza. São mais de 270 medidas para baixar a taxa de risco de pobreza para os 10% em 2030.
Os organismos que se dedicam a apoiar os mais desfavorecidos dizem que não. Aliás, têm sido repetidos alertas sobre as dificuldades financeira das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
Esta semana, os bispos portugueses lembraram a necessidade de o Estado comparticipar a 50% o apoio social. Comparticipação que, nesta altura, está nos 36%, muito abaixo do estabelecido no pacto de cooperação assinado no tempo do governo de António Guterres.