21 nov, 2023
No explicador desta terça-feira à tarde falamos sobre os helicópteros que Portugal ofereceu à Ucrânia.
Já passou mais de um ano e os aparelhos continuam parados no aeródromo de Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.
São seis helicópteros pesados, Kamov, de combate a incêndios, que não têm licença para operar em Portugal porque são russos. Os aparelhos estão inoperacionais há vários anos à espera de reparação, o que se tornou impraticável, na sequência da guerra e das sanções impostas à Rússia, porque boa parte das peças vem de lá.
E, por isso, quando Kiev pediu ajuda ao nosso país, o Governo decidiu dispensá-los à Ucrânia, que tem a sua própria cadeia de fornecimento e, portanto, conseguiria recuperar os Kamov. Mas não foi isso que aconteceu... Não foi, de facto... Segundo explicou hoje o Ministério da Defesa, as autoridades portuguesas ainda aguardam por indicações da Ucrânia sobre os próximos passos a dar.
O gabinete da ministra Helena Carreiras diz que tem havido contactos regulares com os interlocutores ucranianos. No trimestre passado, houve uma visita técnica do braço logístico do grupo de doadores a Ponte de Sor, onde os helicópteros estão estacionados. Em junho, a ministra disse que o envio dos Kamov estava a ser preparado, mas até agora nada aconteceu.
Protestou, claro. A decisão foi criticada por Moscovo que considerou que Portugal estava a violar as suas obrigações contratuais, mas o Governo - pela voz do ministro dos negócios estrangeiros, José Luís Carneiro - considerou que não havia qualquer razão para não fornecermos este apoio à Ucrânia.
João Gomes Cravinho até disse que Portugal não está preocupado em satisfazer a Rússia, mas sim em criar condições para que a Rússia saia dos territórios da Ucrânia.
Desde há muito... Só para terem uma ideia, os Kamov foram comprados em 2006, para termos uma frota própria de aparelhos de combate a incêndios. O contrato foi assinado por António Costa, na altura ministro da administração interna, por 348 milhões de euros mas, entretanto, já custaram muitos mais milhões com os problemas de manutenção e contratos com os privados que os operavam.
Um está acidentado desde 2012, outros dois estão para reparação desde 2015 e os restantes três estão inoperacionais desde o início de 2018 por falta de manutenção e respetiva certificação pela Autoridade Nacional de Aviação Civil.