26 dez, 2023 • Pedro Mesquita
De acordo com os dados que foram enviados às escolas e que o Diário de Notícias divulgou são, de facto.
Para percebermos até onde vai o tal "descalabro", há conteúdos em que o número de notas positivas não chega a 3%.
Mas vamos por partes. No caso dos alunos do 2.º ano, em português, o domínio da oralidade é o que apresenta melhores resultados. Mesmo assim, menos de metade conseguiram realizar a tarefa com sucesso.
Nos outros parâmetros as notas são ainda piores, e não ultrapassam 20% de positivas. O mesmo se passou com o tradicional quebra-cabeças da matemática.
O cenário, em alguns casos, consegue ser ainda pior. Por exemplo, no 5.º ano, na disciplina de Português, apenas 14,2% dos alunos não tiveram dificuldades na oralidade, 5,2% na leitura, 8,7% na gramática e 17,4% na escrita.
Em História e Geografia de Portugal foram avaliados três conteúdos, e nenhum deles teve média positiva. Bem pelo contrário, foram registados menos de 3% de notas positivas a nível nacional.
Só mesmo a disciplina de Educação Física escapa a esta razia no 5.º ano.
Mais de metade dos estudantes revelaram dificuldades em quase todos os domínios avaliados de Ciências e Físico-Química. O mesmo aconteceu com o "papão" da Matemática, onde a melhor noticia - ou a menos terrível - é que houve 20% de positivas no parâmetro de "Organização e tratamento de dados".
Já foram realizadas há bastante tempo, em maio e junho. Correspondem, por isso, ao último ano letivo, e não a este.
De acordo com o DN, chegaram às escolas no passado dia 15. Convém recordar que o processo se atrasou muito também por causa das greves à avaliação.
Para já não comenta. Contactado pela Renascença, o Ministério da Educação disse que só irá pronunciar-se sobre o tema quando os resultados forem oficialmente divulgados pelo próprio Ministério, o que ainda não aconteceu
Essa é uma questão fundamental. As provas de aferição foram criadas para avaliar a evolução das aprendizagens e fazer os reajustes que se considerem necessários. O problema é que os resultados chegam com meio ano de atraso, e ainda nem sequer são os oficiais. Ou seja, com base nos resultados agora conhecidos, o plano de trabalho até pode ser melhorado mas já não a pensar nestes alunos.
E como já ouvimos, Filinto Lima, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, considera que os alunos não se aplicam com muito afinco neste tipo de provas, precisamente porque sabem que não conta para a classificação.