09 jan, 2024 • André Rodrigues
Tudo aconteceu há cerca de um mês, quando quando seis contentores de um cargueiro com bandeira da Libéria - o 'Toconao' - caíram ao mar, a cerca de 80 quilómetros de Viana do Castelo. Portanto, em águas portuguesas. Um desses contentores transportava cerca de mil sacos dessas pequenas bolinhas brancas que são utilizadas no fabrico de materiais plásticos.
Os primeiros vestígios de poluição chegaram às praias poucos dias depois. No entanto, no final da semana passada, as organizações ambientalistas alertavam para uma grande quantidade de bolas de plástico que invadiram, pelo menos, 30 praias na Galiza.
Inicialmente, o governo galego ativou o nível menos grave do plano de combate à poluição marítima. No entanto, e como nos últimos dias tem sido cada vez maior a quantidade de microplásticos a dar à costa, foi ativado o segundo nível de alerta.
Para já, é um problema que está a afetar apenas praias na Galiza. Mas não é de excluir que parte desta mancha de poluição possa chegar às praias portuguesas. Tudo depende do comportamento das correntes marítimas.
Todos estamos recordados do acidente do petroleiro Prestige que, em 2002, deixou um rasto negro em toda a costa galega, mas sem consequências para Portugal. Aqui, trata-se de um incidente ocorrido, ao largo de Viana do Castelo, mas, para já, sem consequências nas praias portuguesas.
Aparentemente, não. É, pelo menos, o que indicam especialistas do Centro Tecnológico de Investigação da Galiza, considerado uma referência internacional no estudo deste tipo de substâncias. Estes pellets de plástico "não são tóxicos, nem perigosos" para o ser humano. Trata-se de um composto da família do poliéster, muito utilizado, por exemplo, no fabrico de embalagens de produtos alimentares e fibras têxteis.
Já para as espécies marinhas, o caso muda de figura. Com o passar do tempo, a decomposição destes microplásticos acaba por entrar na cadeia alimentar dos peixes e das plantas, pondo em risco o bem-estar do ecossistemas.
Não há informação exata. Sabe-se, sim, que o total da carga perdida no mar ultrapassa as 26 toneladas de microplásticos.
O problema é que, além do contentor dos microplásticos, este navio mercante perdeu outros cinco, contendo rolos de filme plástico, pneus, barras de alumínio e pasta de tomate.
Não são conhecidas, mas o Ministério Público espanhol está a investigar o caso. Entretanto, a Maersk, uma empresa de transporte marítimo com sede na Dinamarca, já assumiu a responsabilidade pela situação.