17 jan, 2024 • Anabela Góis
O PSD exige explicações a Pedro Nuno Santos sobre os argumentos da TAP para não pagar a indemnização pedida pela antiga presidente executiva.
Os advogados da companhia aérea dizem que Christine Ourmières-Widener nunca foi funcionária da empresa.
O Explicador Renascença detalha tudo.
Esse é apenas um dos argumentos que a TAP apresenta para contestar e não pagar a indemnização pedida pela antiga CEO.
A TAP alega que Christine Ourmières-Widener tinha um vínculo precário que poderia cessar a qualquer momento e que nunca foi funcionária da empresa.
A gestora - que foi escolhida e contratada pelo então ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos - discorda e exige uma indemnização de perto de seis milhões de euros. Mas a TAP alega que teria direito, no máximo, a 432 mil euros se se considerasse que foi demitida sem justa causa.
Sim, é isso que se lê na contestação que os advogados da empresa apresentaram e onde juntam vários argumentos.
Desde logo, que Christine Widener exerceu cargos em três outras empresas, enquanto estava em funções na TAP violando assim o dever de exclusividade.
A defesa da TAP diz que a empresa só teve conhecimento desta informação agora.
De acordo com o documento entregue no tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - citado pela agência Lusa - Christine Widener é fundadora, acionista e administradora de uma consultora de viagens e aviação em Londres, é administradora de outra empresa ligada ao desenvolvimento de um sistema de propulsão a hidrogénio para aviação e ainda foi administradora não executiva no MetOffice, um instituto governamental do Reino Unido.
E não são os únicos argumentos. A defesa da TAP aponta ainda uma situação de conflito de interesses, alegando que a antiga CEO da empresa tentou contratar os serviços de uma empresa israelita onde o seu marido trabalhava.Uma contratação que só não avançou - segundo dizem - devido à intervenção da então administradora Alexandra Reis.
Os advogados admitem que este caso não só levanta a suspeita de prática de tráfico de influência ou até corrupção, como consideram que foi a verdadeira razão que levou a ex-gestora francesa a demitir Alexandra Reis.
Sim, em concreto a indemnização de 500 mil euros que foi paga a Alexandra Reis e que a Inspeção-Geral das Finanças considerou ilegal. Daí a demissão por justa causa, justificada com a “violação grave, por ação ou por omissão, da lei ou dos estatutos da empresa”.
E, embora Christine Ourmières-Widener tenha informado o ministro das Infraestruturas e o secretário de Estado das Infraestruturas, os advogados insistem agora que houve uma violação grosseira dos deveres do cargo, porque os dois membros do Governo não exerciam a função acionista do Estado na TAP.
Sim, mas até esses resultados são agora contestados pela defesa da companhia aérea que alega que isso se deveu à recuperação precoce e acelerada do setor e não à intervenção da gestora.
Mesmo o currículo de Christine Ourmières-Widener - apresentado na altura da sua contratação como um grande trunfo - é agora posto em causa, com os advogados a dizerem que as alegações sobre a sua reputação profissional “não correspondem à verdade” e que faz “parecer que goza de um largo e preenchido currículo” quando na verdade praticamente só trabalhou para a Air France.