05 fev, 2024 • André Rodrigues
Este fim de semana ficou marcado pelo cancelamento de jogos de futebol, por falta de forças de segurança necessárias para a realização do evento.
É o mais recente capítulo na onda de protestos que os polícias têm feito no último mês e que podem até colocar em causa as eleições.
O Explicador Renascença refere tudo o que ainda pode estar em causa.
Não foi uma greve, mas o efeito foi em tudo semelhante. Na verdade, esta situação ficou a dever-se ao elevado número de baixas de agentes da PSP que estavam destacados para o policiamento da partida entre Famalicão e Sporting.
O jogo estava, inicialmente, marcado para as 18h00 de sábado, ainda foi adiado por uma hora, mas às 19h30 a Liga emitiu um comunicado dizendo que não estavam reunidas as mínimas condições de segurança e decidiu cancelar o jogo, que ainda não tem nova data para se realizar.
Assim que, no exterior do estádio, os adeptos se aperceberam de que não iria haver jogo, houve confrontos entre adeptos das duas equipas. Pelo menos, seis pessoas ficaram feridas e várias viaturas foram danificadas.
Quase. De acordo com a Liga de Futebol, que é a entidade organizadora dos campeonatos profissionais, as reuniões preparatórias deste encontro realizaram-se sempre com a certeza de que havia todas as condições de segurança para que se realizasse.
Mas só no sábado à tarde é que a Liga foi informada da indisponibilidade da maior parte dos agentes que alegaram baixa médica para não realizarem o policiamento da partida.
Esta situação fez, até, com que não tenha havido polícias suficientes na cidade de Famalicão durante, praticamente, um dia inteiro.
Foi preciso chamar elementos da esquadra de Guimarães e, também, elementos que estavam destacados para as inquirições da Operação Pretoriano, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
Com desacatos, sim. Mas não foi a única partida cancelada este fim de semana.
Na II Liga, o Leixões - Nacional da Madeira e o Feirense - Académico de Viseu também não realizaram por falta de agentes da PSP para garantir o policiamento.
O futebol é a consequência mais imediata desta contestação em que os agentes da PSP exigem melhores condições salariais e a atribuição do suplemento de missão, à semelhança do que com a Polícia Judiciária.
No limite, esta contestação pode inviabilizar as legislativas de 10 de março.
Porque o transporte dos boletins de voto e das urnas é da responsabilidade das forças de segurança.
E o presidente do Sindicato Nacional da Polícia já avisou que se o Governo não for ao encontro das reivindicações dos agentes, pode estar em risco a realização das legislativas de 10 de março. É um cenário limite, mas está, nesta altura, em cima da mesa.
Diz que estamos perante um caso de "insubordinação gravíssima" e ordenou um inquérito urgente aos acontecimentos deste fim de semana.
Além disso, e em resposta às revindicações dos agentes, o próprio primeiro-ministro disse que só tomaria uma posição depois de recebesse a carta da plataforma que junta sindicatos da PSP e da GNR.
Algo que, de acordo com fonte governamental citada pelo jornal "Expresso", pode acontecer esta segunda-feira.