O sarampo está a propagar-se rapidamente por todo o mundo.
Em 2023, foram declarados mais de 306 mil casos, num aumento de quase 80% em um ano.
O Explicador Renascença esclarece o que está em causa.
O quê que se está a passar?
Estamos a assistir a um ressurgimento desta doença por causa da baixa cobertura vacinal durante o período da pandemia. E isso está a sentir-se em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde mostra-se bastante preocupada e fala de um aumento constante dos casos de sarampo em todo o mundo, exceto na região das Américas.
Os dados mais recentes, relativos ao ano passado, dão conta de 306 mil 291 casos notificados à OMS. Em 2022 foram 171 mil 156 casos. Um aumento de 79%.
Mas isto são os casos notificados à Organização Mundial da Saúde, que admite que os números reais são muito mais elevados.
Qual é o risco?
Sendo uma doença de origem viral e altamente contagiosa, a OMS alerta para o risco de alastramento e admite que mais de metade dos países estão, nesta altura, em situação de alto risco ou muito alto risco de terem surtos de sarampo até ao final deste ano.
A OMS avisa que, se não forem rapidamente corrigidas as lacunas existentes nos planos de vacinação, os números vão mesmo disparar.
Quais são as metas de vacinação?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a prevenção do sarampo requer que 95% das crianças recebam duas doses da vacina. No entanto, a cobertura a nível global, antes da pandemia, era de 86%. Portanto, já estava aquém do ideal. E depois desse período, situou-se nos 83%.
A consequência é que em 2023, a OMS registou 51 epidemias de sarampo. No ano anterior tinham sido 32.
Como fica Portugal na fotografia?
Não muito bem, uma vez que o sarampo foi declarado como doença erradicada em 2016.
Já houve outros surtos depois disso?
Sim, mas todos com origem em casos importados. Nesta altura, há 12 casos de sarampo em investigação em Portugal. Desde 11 de janeiro foram confirmados nove casos da doença, a esmagadora maioria foram importados.
Estes casos deram origem a dezenas de suspeitas entre pessoas que estiveram em contacto com os doentes.
À Renascença, a coordenadora do Programa Nacional de Vacinação já disse que a confirmação de nove casos de sarampo no espaço de um mês não é motivo para alarme, mas diz que é necessário manter a atenção a possíveis sintomas.