12 mar, 2024 • André Rodrigues
Afinal, a comissão que estuda a localização do novo aeroporto não exclui Santarém como uma das possibilidades para a nova infraestrutura.
Essa é uma possibilidade admitida na Renascença pela presidente da Comissão Técnica Independente, que estudou os diferentes cenários para a localização do novo aeroporto na região de Lisboa. A versão final do relatório independente indica que Santarém é uma hipótese, mas só se coexistir com a Portela.
Não totalmente. A versão inicial do relatório, a Comissão Independente considerava inviáveis todas as soluções que incluíssem Santarém como solução para um hub internacional, invocando razões aeronáuticas.
Em particular, o conflito de tráfego com a base aérea de Monte Real, que, de acordo com a avaliação dos técnicos, limita o número de movimentos que a infraestrutura pode receber. A novidade está no facto de a Comissão Técnica Independente ter passado a considerar que Santarém é a única localização fora da área de concessão da ANA Aeroportos, o que potencia a concorrência e aumenta o poder negocial do Estado.
Mas há um problema. Mesmo em complementaridade à Portela, Santarém só teria capacidade para um número limitado de movimentos, o que não permite satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo.
Por essa razão, Santarém nunca poderá evoluir para um aeroporto único. Só que - e essa é uma das vantagens - permite ultrapassar, no curto prazo, as condicionantes criadas pelo contrato de concessão.
Outra vantagem é o financiamento privado.
Sem custos para o Estado. A proposta, apresentada pelas câmaras de Santarém, Golegã, Torres Novas e Alcanena prevê o financiamento privado até 1,2 mil milhões de euros para a construção de um aeroporto. Ou seja, sem pesar no erário público.
O Campo de Tiro de Alcochete continua a ser apontada como aquela que tem mais vantagens estratégicas, sempre em complementaridade com o atual aeroporto de Lisboa, até que estejam em funcionamento duas pistas. A partir daí, Alcochete poderia evoluir para um aeroporto único.
Outra solução considerada viável numa lógica de hub intercontinental é Vendas Novas + Portela, que poderia, também, evoluir para uma infraestrutura única.
Apontada como inviável mantém-se a solução Montijo, porque, de acordo com os técnicos, só permite a construção de uma pista e levanta problemas ambientais.
Este relatório entregue pela Comissão Independente vai agora ser analisado e fica disponível publicamente a partir de 22 de março.
É importante lembrar que a decisão final sobre o novo aeroporto será sempre política.
Este trabalho da Comissão Técnica Independente serve apenas para apoiar uma futura decisão do Governo.
Por isso, os técnicos limitam-se a apresentar as melhores soluções. Mas cabe ao Governo a última palavra neste processo.