13 mar, 2024 • Anabela Góis
Desde o início do ano já foram identificados 23 casos de hepatite A em Portugal. A Direção-Geral da Saúde (DGS) já confirmou a existência de um surto.
A maioria são homens, com idades entre os 20 e os 49 anos, e em cerca de metade dos casos o vírus foi transmitido através de relações sexuais.
Quanto aos restantes não há certezas, embora a Direção-Geral de Saúde indique que não parece haver relação com o consumo de qualquer alimento.
E este esclarecimento é importante porque recentemente houve um alerta da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar por causa de lotes de morangos contaminados com Hepatite A, que foram detetados em Espanha, provenientes de Marrocos, onde a doença é endémica.
Isabel Aldir, a diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais disse à Renascença que os médicos de saúde pública estão agora a tentar perceber se, nos casos agora detetados, há fatores comuns que possam estar a atingir populações com características especificas, para que se possa traçar uma estratégia para controlar a situação.
A Direção-Geral da saúde diz que não, mas é preciso manter a atenção.
Entre os 23 casos até agora confirmados, foram identificads seis com as estirpes do vírus da hepatite A que provocou o surto que ocorreu entre 2016 e 2018, e que afetou vários países europeus, incluindo Portugal.
Nessa altura promoveu-se uma campanha de vacinação gratuita e a situação foi controlada.
Não faz. E a maior parte da população não tem indicação para ser vacinada contra a Hepatite A. É aconselhada, apenas, nas situações em que há risco acrescido de contrair a doença.
A vacina custa cerca de 15 euros. Precisa de receita médica, mas tem comparticipação.
O vírus da hepatite A pode ser transmitido quer através de relações sexuais, quer pelo consumo de água ou alimentos contaminados.
Daí que sejam tão importantes os cuidados de higiene para evitar a doença. Para quem viaja, por exemplo, para a América Latina, África e Ásia, a Direção Geral da Saúde aconselha lavar as mãos antes e depois de mexer nos alimentos, evitar o consumo de alimentos crus e lavar bem e descascar a fruta antes de a comer. Cozinhar bem os alimentos e usar tanto para cozinhar como para beber apenas água tratada ou engarrafada. E, nestes casos, a vacinação também é recomendada.
Nos casos de risco de contágio sexual, a proteção faz-se com os chamados métodos de barreira, ou seja, os preservativos.
São sintomas semelhantes aos de outras doenças. Incluem perda de apetite, sensação geral de mal-estar, febre, diarreia, dores no corpo, vómitos, mas também urina escura e icterícia, que provoca aquele tom amarelo na pele e nos olhos. Este sim é um sintoma único e que nos casos que agora surgiram serviu de alerta.
Falta só lembrar que a hepatite A é uma inflamação aguda do fígado, trata-se habitualmente num período inferior a 6 meses e raramente exige internamento hospitalar, mas em situações raras pode ter consequências graves.