18 mar, 2024 • Anabela Góis
Os votos dos círculos de emigração começaram esta segunda-feira a serem contados e vão definir o vencedor das legislativas e a distribuição definitiva de deputados na Assembleia da República.
O número exato não é conhecido, porque todos os votos que chegarem a Portugal até às 17h00 de quarta-feira serão contados.
O que se sabe é que, até à última sexta-feira, tinham sido recebidas cerca de 300 mil cartas com votos de eleitores residentes no estrangeiro. A esmagadora maioria - 77% - vieram da Europa. Depois, por ordem decrescente da América (19%), da Ásia e Oceânia (3%) e de África (1%).
As cartas recebidas representam um quinto dos eleitores dos dois círculos - Europa e fora da Europa - que optaram por votar via postal, o que é mais cerca de 5% do que nas últimas legislativas. Presencialmente nos vários consulados votaram 5.283 eleitores.
A contagem é feita no Centro de Congressos de Lisboa, onde estão montadas cerca de 100 mesas de voto: no rés de chão concentram-se as mesas do círculo eleitoral da Europa, as restantes, do círculo Fora da Europa - que são em menor número - estão no andar de cima.
E há mais de 700 pessoas - na generalidade indicadas por partidos políticos - a escrutinar os boletins.
O tempo de contagem está também condicionado pelos votos que ainda vão chegar até à tarde de quarta-feira, mas também porque é necessário confirmar os votos.
O boletim vem num envelope verde fechado que, por sua vez, vem dentro de um outro envelope branco juntamente com uma cópia do cartão de cidadão ou do bilhete de identidade do eleitor.
Se no envelope branco não estiver a cópia do cartão de identificação, o voto é imediatamente anulado. Se estiver tudo conforme, separam-se os envelopes e só depois é que se abre o que contém o boletim de voto que é validado, de maneira a garantir a confidencialidade.
Pode parecer simples mas em 2022, justamente por causa de problemas neste processo, foi necessário repetir a votação no círculo da Europa, o que atrasou o processo em cerca de um mês.
Entram, o bolo é só um. Tal como em território nacional, depois do fecho das urnas no dia das eleições, o apuramento parcial arrancou de imediato no estrangeiro, mas apenas nas assembleias de voto com mais de 100 eleitores inscritos para votação presencial.
Nas restantes, com menos de 100 inscritos, os boletins de voto foram colocados em sobrescritos fechados e lacrados, juntamente com os cadernos eleitorais e uma ata, com o número de eleitores inscritos e o número de votantes. E veio tudo para Portugal - por via diplomática - para que se proceda agora à contagem.
Pode, porque está ainda em causa a eleição de quatro deputados. A AD elegeu 79 mandatos até ao momento, apenas mais dois do que o PS.
Nas legislativas de 2022, os socialistas conquistaram os dois lugares da Europa e dividiram o círculo de Fora da Europa com o PSD. Para estas eleições está tudo em aberto e desta vez o número de votantes no estrangeiro aumentou.