21 mar, 2024 • André Rodrigues
Até ao final do século, o mundo vai assistir a uma quebra drástica das taxas de fertilidade.
A única exceção serão as nações mais pobres, onde haverá uma quase duplicação dos nascimentos.
O Explicador Renascença esclarece as razões.
A base é um estudo feito por investigadores da Universidade de Washington e que foi publicado na revista científica Lancet.
Os cientistas preveem que até 2050, mais de três quartos dos países não terão taxas de fertilidade suficientemente elevadas para manter o ramanho da população ao longo do tempo. E até 2.100 o número de países com taxas de fertilidade nulas poderá aumentar para 97%. Ou seja, estamos a falar 198 de 204 territórios.
Só que, a par com esta quebra muito significativa da natalidade em praticamente todo o mundo, os nascimentos vão praticamente duplicar nas regiões de baixos rendimentos.
Por exemplo, de acordo com este estudo, no ano de 2.100, a África Subsaariana poderá ser responsável por uma em cada duas crianças nascidas no planeta.
E, já atualmente, a região apresenta uma taxa de fertilidade que é quase o dobro da média mundial, com quatro filhos por mulher em 2021.
O Chade tem a taxa mais elevada do mundo, com sete nascimentos por mulher.
Dito de outra forma, o continente africano perfila-se como o gigante demográfico do futuro.
Em sentido contrário, a tendência de declínio é particularmente preocupante em países como a Coreia do Sul ou a Sérvia, onde a taxa é inferior a 1,1 filho por mulher em idade fértil.
Ou seja, estamos perante um mundo demograficamente dividido, com graves consequências para o desenvolvimento das nações mais pobres que ainda não estão preparadas para o aumento exponencial da população.
Na UE, a média de crianças nascidas de mães estran(...)
Estão, sobretudo, relacionadas com o desenvolvimento das economias - porque haverá uma diminuição muito significativa da força de trabalho e a necessidade de reforçar a assistência a uma população cada vez mais envelhecida.
Por outro lado, haverá riscos para a segurança alimentar, saúde e ambiente. E aqui, claro, a questão das alterações climáticas também acaba por ter um peso bastante significativo.
Tudo isto somado, deverá resultar num agravamento das tensões geopolíticas.
Perante este cenário de desequilíbrio populacional, os investigadores da Universidade de Washington apelam ao sentido de estratégia dos governos.
Nos países de baixo rendimento, aconselham melhorias no acesso à contraceção e uma aposta na educação das mulheres, para ajudar a diminuir as taxas de natalidade.
Já nos países mais riscos e com baixas taxas de fertilidade os especialistas defendem a adoção de medidas de apoio aos pais e a imigração aberta, de modo a manter a dimensão da população e o crescimento económico.