10 abr, 2024 • André Rodrigues
A ADSE aumentou os preços do susbsistema da função pública, mas não avisou os beneficiários que dizem que foram apanhados de surpresa.
O que vai mudar, ou melhor, já mudou são os preços para o regime convencionado. Ou seja, estamos a falar dos valores que a ADSE paga aos prestadores cuidados de saúde pelas consultas e pelas cirurgias dos seus beneficiários.
As primeiras mudanças ocorreram já no início deste mês, no dia 1 de abril. Desde essa altura que vigora uma tabela única para todos os prestadores de cuidados, sejam eles privados ou do setor social, neste caso Instituições de Solidariedade Social.
Foi a pergunta que a Renascença fez a Diogo Serras Lopes, da direção da ADSE. Ele justifica esta mudança com a necessidade de acabar com a discriminação de que eram alvo as IPSS em relação às instituições do setor privado. Havia uma grande disparidade de preços, que discriminava o setor social. Daí esta decisão.
O problema - e essa é que é a principal queixa dos utentes - é que o subsistema de saúde da Função Pública, atualizou a tabela de preços, mas não avisou previamente os seus beneficiários.
Na verdade, não, a ADSE não tem a obrigação de fazer esta comunicação prévia e foi precisamente por isso que muitos beneficiários acabaram por ser apanhados de surpresa com as mudanças, porque só ficaram a saber quanto tinham de pagar no momento em que se dirigiram aos hospitais e a outros prestadores de cuidados de saúde privados.
De resto, a associação de beneficiários da ADSE - que, para termos uma ideia, são mais de 1 milhão e 300 mil - diz que, desde o início deste mês, já recebeu várias queixas.
Também a presidente do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE, Helena Rodrigues, confirma à Renascença que não foi informada destas mudanças e aguarda por uma reunião com a presidente da ADSE, que está marcada para dia 30, para saber quais os preços que foram alterados e quais as razões.
Seja como for, na entrevista que deu à Renascença, Diogo Serras Lopes, da ADSE, diz que o objetivo é criar competitividade na rede de prestadores e aumentar a procura de exames no setor social.
A partir de 1 de maio, são atualizados os preços dos partos para aumentar a adesão à rede ADSE, mas a distribuição dos encargos mantém-se na mesma, ou seja, 90% do valor é suportado pela ADSE. Os restantes 10% ficam a cargo do beneficiário.
No caso dos partos, os valores de copagamento irão variar entre os 232 euros e 87 cêntimos e os 345 euros e 59 cêntimos.
Vão também aumentar os valores das consultas de psicologia, de 12,5 para 18 euros, sendo que a parte destinada aos utentes sobe dos atuais dois euros e meio para 3 euros e 60.
Nestes casos, a ADSE continua a suportar 80% do preço da consulta e o número de consultas comparticipadas por ano duplica: passa de 12 para 24 por ano.
Com estas mudanças, a ADSE diz que o objetivo é ajustar os pagamentos à realidade atual do mercado e uniformizar valores para que não haja discriminação entre prestadores privados e instituições do setor social.