26 abr, 2024
Os adolescentes estão a consumir mais álcool e mais cigarros eletrónicos.
Um estudo da Organização Mundial de Saúde revela números que caracteriza como "alarmantes".
O Explicador Renascença esclarece.
Há, desde logo, um fator que pode desencadear esses consumos, que é o exemplo em casa. As crianças vêm, desde cedo, familiares e amigos a consumirem bebidas alcoólicas.
É frequente ouvir relatos de famílias em que o brinde à mesa ou até mesmo o consumo de álcool - nem que seja só para experimentar. Portanto, há uma certa normalização que é aceite.
Por outro lado - e é aqui que os adolescentes ficam mais expostos - a pouca fiscalização facilita a compra de bebidas alcoólicas por jovens menores de 18 anos. E, finalmente, o baixo custo da bebida também facilita esse consumo.
A OMS assinala um motivo de preocupação: o consumo de bebidas alcoólicas está a aumentar nos jovens e sobretudo nas raparigas. O estudo da OMS indica que pelo menos 40% das adolescentes de 15 anos beberam pelo menos vez nos últimos 30 dias. Há quatro anos eram 38%.
O uso de cigarros eletrónicos aumentou em todo o mundo e essa tendência é maior entre os adolescentes. Aí também se aplica a lógica da normalização pelo exemplo: é algo que os pais fazem à frente dos filhos que, depois, quando se tornam autónomos e chegam à fase da adolescência procuram replicar, mesmo sabendo que há riscos para a saúde.
Aliás, nunca houve tanta informação sobre isso como agora.
No caso português, um em cada cinco jovens portugueses com mais de 16 anos fumam e bebem diariamente.
Aí, os números da OMS não são nada animadores. Quase 60% dos adolescentes com 15 anos já experimentaram bebidas alcoólicas e mais de um terço consumiram no último mês.
5% dos jovens até aos 13 anos admitem ter ficado embriagados pelo menos uma vez. A percentagem sobe para os 15% nos jovens com 15 anos de idade. E estes são dados que a OMS considera alarmantes.
Já no caso dos cigarros eletrónicos, o relatório confirma que ultrapassaram os convencionais em popularidade: 32% dos jovens de 15 anos usaram-nos em algum momento e 20% usaram-nos nos últimos 30 dias.
Pode ser a consequência do comportamento de risco durante a adolescência.
O uso de substâncias em idade precoce significa um risco acrescido de dependência química.
O que, depois, acaba por ter custos para a sociedade e para os sistemas de saúde no tratamento de doenças resultantes do álcool e do tabagismo.
A resposta é a prevenção e essa tem várias faces possíveis.
A OMS recomenda um aumento dos impostos sobre os produtos, a limitação dos pontos de venda e ainda a redução da publicidade a produtos que criem este tipo de dependência.