12 jun, 2024 • André Rodrigues
Luís Filipe Vieira e os restantes arguidos do caso do Saco Azul do Benfica vão a julgamento.
O ex-presidente encarnado, a SAD e a Benfica Estádio estão indiciados por fraude fiscal e falsificação de documentos.
O Explicador Renascença esclarece o que está em causa.
À partida, não. É pelo menos essa a interpretação feita por vários especialistas em Direito Fiscal.
Este é um caso de justiça tributária. Ou seja, tanto a acusação, como uma eventual condenação em julgamento não deverão ter consequências desportivas, nem sequer financeiras para o clube.
Uma vez mais, a resposta está no entendimento dos especialistas em Direito Fiscal ouvidos sobre este caso. Se houver uma condenação final por fraude fiscal, a moldura penal está prevista no Regime Geral das Infrações Tributárias e podem ir da multa à pena de prisão.
Portanto, seja a acusação, seja a decisão de levar os arguidos a julgamento - e o que daí decorra - não implica penalizações desportivas. É um caso de justiça como outro qualquer.
O Saco Azul do Benfica remonta a 2016 e envolve suspeitas de utilização fraudulenta de verbas ligadas ao clube para pagamentos a terceiros.
O Ministério Público acusa o ex-presidente Luís Filipe Vieira de ter montado um esquema para retirar dinheiro dos cofres do clube através de uma empresa de consultadoria informática.
Essa empresa recebia pagamentos do Benfica por serviços que nunca foram prestados. Os valores eram recebidos numa conta bancária e eram, depois, regressava à Benfica SAD e à sociedade Benfica Estádio.
Em causa estarão mais 2,2 milhões de euros. Desse montante, 11% foram pagos ao empresário José Bernardes - o dono da tal empresa de consultadoria informática - como contrapartida pela celebração dos contratos, enquanto 1,4 milhões terão regressado à Benfica SAD e à Benfica Estádio, em numerário.
O alerta foi dado pelo banco Eurobic, onde a empresa de consultadoria informática tinha conta. Os tais 2,2 milhões de euros entraram nesta instituição financeira entre dezembro de 2016 e agosto de 2017.
Até aqui, tudo normal. A suspeita surge quando José Bernardes pediu para levantar quase 250 mil euros em numerário.
O banco recusou executar a operação e avisou as autoridades.
Depois da recusa do Eurobic, o empresário abriu uma conta no banco Millenium BCP, de onde terão saído cerca de 350 mil euros em dinheiro vivo.