19 jun, 2024 • André Rodrigues
Estão a aumentar as queixas com os serviços de transportes de passageiros.
No ano passado foram quase 30 mil - um número recorde. São dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
O Explicador Renascença esclarece.
Na esmagadora maioria dos casos, estão relacionadas com o transporte rodoviário e ferroviário de passageiros.
No total, foram 29.674 queixas registadas durante todo o ano passado, mais de 11.500 são de utentes dos transportes rodoviários; 6.200 são de utilizadores dos comboios.
Na comparação com 2022, foram mais sete mil reclamações.
No caso dos transportes rodoviários, a principal queixa é o cancelamento de serviço. Seguem-se os incumprimentos dos horários, comportamento inadequado dos funcionários e problemas com os títulos de transporte.
Já no setor ferroviário, a principal queixa está relacionada com reembolsos por serviços não realizados.
E há um dado a reter: de todas as empresas do setor dos transportes, a CP foi que recebeu o maior número de queixas dos utentes no ano passado.
Sim, porque o total de queixas no transporte rodoviário está disperso por várias empresas, ao passo que, no caso dos comboios, 95% das reclamações concentram-se na CP, que totaliza 5.885 participações dos utentes.
Já quanto aos autocarros, a maioria das queixas distribui-se - por esta ordem - entre Rede Nacional de Expressos, Carris e a Transportes Metropolitanos de Lisboa. Ou seja, menos reclamações por empresa, mas mais reclamações em termos globais no setor rodoviário.
Importa, contudo, referir que estes números relativos ao transporte rodoviário não incluem, por exemplo, as reclamações dos utentes da UNIR, a rede de autocarros do Grande Porto que arrancou em finais do ano passado, com supressão de várias linhas e falta de informação aos utilizadores.
Pode não corresponder exatamente a uma degradação do serviço.
Há um dado que pode ajudar a explicar esta subida: o número de queixas apresentadas por via eletrónica, através do portal da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, já ultrapassa as reclamações apresentadas no livro de reclamações físico. E já tinha sido assim em 2022.
Portanto, há um acesso mais facilitado à queixa, o que também ajuda a explicar este maior descontentamento dos utentes com os serviços de transportes.