24 jun, 2024 • André Rodrigues
A maior parte das empresas e dos trabalhadores que testaram a semana de quatro dias querem manter o modelo.
Os dados são do relatório do Instituto de Emprego e Formação Profissional com a versão final do projeto piloto levado a cabo em 41 empresas durante seis meses.
Qual é o balanço desta experiência?
O balanço é globalmente positivo, pelo menos é o que indica o relatório final.
Esta espécie de inquérito de satisfação revela que, do lado dos trabalhadores, há melhorias significativas ao nível da saúde; conseguiu-se um melhor equilíbrio entre trabalho, família e vida pessoal. Em termos salariais, os trabalhadores com rendimentos mais baicos são os que mais valorizam esta redução dos tempos de trabalho.
Os níveis de exaustão pelo trabalho reduziram-se em 19%.
E a esmagadora maioria dos trabalhadores que participaram nesta projeto da semana dos quatro dias (93%) dizem que querem continuar com este regime de trabalho.
E do lado das empresas?
É um balanço também bastante positivo. 80% das empresas que aderiram ao projeto dos quatro dias dão nota positiva, porque adoção deste regime de trabalho foi financeiramente neutro.
Ou seja, não aumentou os custos com os trabalhadores e também não houve perdas de produtividade.
E em alguns casos, houve mesmo aumento de lucros. Isto apesar de o número de horas no local de trabalho ter reduzido: antes do projeto-piloto, os trabalhadores passavam em média quase 42 horas por semana no local de trabalho. Durante o projeto piloto trabalharam 36 horas.
Vamos mesmo ter a semana dos quatro dias?
Os coordenadores deste relatório do IEFP admitem que este projeto ainda que "é difícil de implementar" no imediato, porque é necessário mudar vários aspetos na organização das empresas.
Não é só começar o fim de semana à sexta-feira, nem se trata de trabalhar menos horas. Trata-se de trabalhar melhor. Mas os investigadores do IEFP dizem que os resultados são encorajadores.
Tão encorajadores que o relatório sugere a adoção de um plano a 10 anos para que a semana dos quatro dias passe a ser a regra.
Em todas as empresas?
Para já, a experiência do Governo excluiu as empresas de maior dimensão. O projeto só foi testado em alguns departamentos.
No caso das pequenas e médias empresas, os investigadores sugerem a adoção de incentivos fiscais para encorajar à adesão
Há boas experiências em países que já avançaram com esta experiência: Islândia, Japão ou Suécia. Mas, lá está, países com uma cultura de organização de trabalho diferente de Portugal.
Nós ainda temos algum caminho a fazer. Mas os testes são encorajadores e a semana dos quatro dias pode mesmo funcionar em vários setores.