26 jun, 2024 • Hugo Monteiro
No Explicador olhamos para o alerta da Liga dos Bombeiros: os problemas nas urgências estão a atrasar o transporte de doentes.
O problema está na imprevisibilidade do encerramento de várias urgências hospitalares, que faz com que, em muitos casos, os bombeiros não saibam quais os serviços que estão a funcionar, nem para onde podem transportar os doentes.
A consequência: as ambulâncias chegam a demorar o dobro do tempo para levar doentes a um hospital. O que, nas situações de emergência em que todos os minutos contam para salvar vidas, pode ser um problema.
Exatamente porque as corporações de bombeiros não sabem, à partida, a que hospital recorrer. Se a urgência mais próxima está fechada, não há um hospital mais perto e, muitas vezes, o hospital de referência fica a vários quilómetros de distância.
Ou seja, as ambulâncias ficam presas mais tempo do que o habitual e não podem socorrer outras situações.
O presidente da Liga dos Bombeiros diz mesmo que há situações em que as ambulâncias chegam a esperar 20 a 30 minutos até que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes dê indicação sobre o hospital a que se devem dirigir, já com o doente dentro da ambulância.
Principalmente nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e da Península de Setúbal. Afinal são aquelas em que se têm verificado, também, os maiores constrangimentos nas urgências.
Se não em todas, pelo menos em muitas. Os constrangimentos nas escalas urgências não são um exclusivo das especialidades de ginecologia, obstetrícia e pediatria.
Há outras especialidades, como é o caso da traumatologia, que também estão com problemas.
E esta área é particularmente sensível, porque - por exemplo - nos acidentes de viação com doentes politraumatizados, é precisamente para estas unidades de traumatologia que os doentes são transportados.
Uma vez mais, se há atrasos no transporte destes doentes, pode - no limite - estar em causa o risco de vida.
Já pediu uma reunião à ministra da Saúde, Ana Paula Martins. Há também a promessa de pedir uma reunião com caráter de urgência ao novo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde para encontrar soluções para esta situação complexa e que está a condicionar o socorro.
Continuam, mas esta semana com menos serviços encerrados. Por exemplo, nos hospitais São Bernardo, em Setúbal, Garcia de Orta, em Almada, e no Santa Maria, em Lisboa, a urgência de obstetrícia continua fechada.
Desde terça-feira que os utentes podem consultar os serviços de urgência disponíveis nos próximos sete dias através de uma página interativa no portal do Serviço Nacional de Saúde.