28 jun, 2024 • Hugo Monteiro
Nunca como agora as famílias pediram tanto dinheiro emprestado.
O crédito ao consumo atinge o valor mais alto de sempre. São dados divulgados, nas últimas horas, pelo Banco de Portugal.
O Explicador Renascença esclarece.
Pelo menos, estamos a pedir mais dinheiro emprestado, para gastar.
Os dados do Banco de Portugal revelam que o crédito ao consumo atingiu o valor mais alto de sempre em maio: 21 mil e 700 milhões de euros.
O que representa um aumento de 100 milhões face ao mês anterior e de mais de 6% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O Banco de Portugal não revela exatamente o destino que é dado a este dinheiro emprestado. Mas esta é uma altura do ano em que muitas famílias compram férias, em vários casos com recurso ao crédito. O que pode explicar pelo menos parte deste aumento.
Mais à frente, daqui por uns meses, também costuma ser habitual um maior recurso ao crédito no momento do início do ano letivo. Para compra de material escolar. Várias famílias também se endividam.
Sim, estes sinais de recuperação do mercado de crédito também têm reflexos na habitação. Os empréstimos para a compra de casa voltaram a crescer em maio, depois de um período de quebra desde meados do ano passado.
O Banco de Portugal diz que em maio, os empréstimos para habitação atingiram 99,4 mil milhões de euros.
São mais 228 milhões de euros face a abril. Maio é o primeiro mês desde junho de 2023 em que taxa de variação anual não é negativa.
Pode ser já o reflexo das recentes descidas da Euribor.
A descida, mesmo que pouco significativa, das taxas de juro pode já estar a ter efeitos no mercado imobiliário.
Não necessariamente. Porque também estamos a poupar mais.
As famílias nunca tiveram tanto dinheiro no banco. O valor total de depósitos ultrapassou os 184 mil milhões de euros em maio. Mais 1,1 mil milhões de euros do que em abril.
Já os depósitos a prazo aumentaram 700 milhões de euros em maio face ao mês anterior. Em termos anuais, a subida foi de 6,1%, o valor mais elevado desde 2022.
Resumindo: as famílias até podem estar a gastar mais, com recurso ao crédito, ao mesmo tempo que têm maiores preocupações de poupança.