01 jul, 2024 • Sérgio Costa , Diogo Camilo
As eleições para a Assembleia Nacional de França decorrem num processo dividido em duas rondas para eleger os 577 deputados. Um deputado só é eleito na primeira volta se tiver maioria num determinado círculo.
Nos círculos onde nenhum candidato vença com a maioria dos votos, os dois candidatos mais votados, assim como qualquer candidato com mais de 12,5% do total de votos registados, seguem para a segunda volta.
Quem conseguir o maior número de votos na segunda volta, fica com o lugar dessa região.
Tendo sido a força mais votada em quase 300 dos 577 círculos eleitorais, a União Nacional está bem posicionada e há sondagens que admitem maioria absoluta.
Para tentar impedir que a extrema-direita chegue ao poder, as coligações de esquerda e centro-direita anunciaram uma “frente republicana”, em que o terceiro colocado nesta primeira volta irá retirar a sua candidatura para ajudar a outra força política.
Desde logo Emmanuel Macron, cujo partido foi o grande perdedor (terceiro lugar) que já tinha pedido uma “campanha abrangente” para a segunda volta
À esquerda, também os líderes socialistas apelaram ao voto em candidatos de outros partidos num esforço de impedir a eleição de candidatos do União Nacional.
Do outro lado, os Republicanos ainda não deram instruções de voto.
É imprevisível porque há dúvidas quanto à disponibilidade dos eleitores do centro direita de votarem em candidatos da extrema-esquerda, e os eleitores dos partidos mais radicais de votarem nos liberais ou do centro direita.
É o retrato da polarização na vida política francesa. Os liberais ou eleitores do centro-direita olham para os partidos de extrema-esquerda como partidos anti-sistema porque que são contra a UE e contra a NATO. É o caso da França Insubmissa de Jean Luc Melenchon que é, aliás, o principal rosto da Frente Popular que reúne os partidos da esquerda. Melenchon já deixou entender que poderá abdicar de ser o candidato da esquerda à liderança do governo.
Se não existir acordo entre forças políticas, a França arrisca-se a ficar num impasse político.
No entanto, a constituição francesa é clara: não pode haver nova eleição parlamentar durante um ano, por isso uma repetição dos votos está fora de questão.
Em teoria, o presidente francês deve oferecer o lugar ao grupo parlamentar em maior número - que deverá ser a União Nacional. É contudo imprevisível.